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Sepúlveda: “O que permanece, Companheiro Allende, é a honra de ter estado ao teu lado”

Há um ano, o romancista, realizador, roteirista, jornalista e ativista político chileno, que nos deixou recentemente, vítima da covid-19, lembrou o 11 de setembro de 1973 no Chile e assinalou a honra de ter estado ao lado de Salvador Allende, integrando o grupo responsável pela sua segurança.
Salvador Allende. Foto de gap/flickr.

Hoje...

O que permanece, Companheiro, é o ‘metal sereno da tua voz’ enquanto o mais formoso sonho era metralhado nas ruas do Chile e, pela última vez, nos recordavas do nosso compromisso com o futuro e a tua determinação em não te renderes.

O que permanece, Companheiro, é a memória, a lembrança indelével dos meus irmãos que permaneceram contigo ou bem perto de ti combatendo na Moeda, os edifícios vizinhos, os cordões industriais e as barricadas populares.

O que permanece, Companheiro, sobre a dor, a raiva, o cheiro a sangue e pólvora, é a honra de ter estado ao teu lado durante o tempo em que integrei o GAP, esse "Grupo de Amigos Pessoais" responsáveis pela tua segurança, e que tão bem soube definir "Eugenio":

A diferença face ao que são hoje em dia os serviços de segurança, cujo objectivo é a destruição, é que a nossa missão era a da protecção de um homem que encarnava as esperanças de um povo e que era o único que garantia que esse processo iniciado a 4 de setembro fosse em frente. O nosso único delito foi deixar de pensar em nós como indivíduos, e estar dispostos a dar a vida por Allende.

Hoje, o que permanece Companheiro Presidente, é o orgulho que talvez já não interessa a ninguém, mas que continua aí, a bater, entre a pele e a camisa.

 

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