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Regressam as barricadas e balas de borracha nos protestos contra a prisão de Hasél

Pela segunda noite consecutiva, grupos de manifestantes pela libertação do rapper catalão confrontaram-se com a polícia nas ruas de Barcelona. Uma jovem perdeu um olho ao ser atingida com uma bala de borracha.
Segunda noite de protestos em Barcelona
Segunda noite de protestos em Barcelona. Foto publicada por Isabella Caldart/Twitter

A segunda noite de protestos após a prisão do rapper Pablo Hasél terminou em confrontos com a polícia em várias cidades espanholas. Os maiores protestos aconteceram em Barcelona, com mais de duas mil pessoas, segundo a polícia municipal, a exigirem a libertação do rapper. No fim da manifestação,  ergueram-se barricadas e queimaram-se contentores pela noite fora no centro da cidade. O mesmo aconteceu noutras cidades catalãs, como Girona, Lleida e Tarragona, onde um grupo de manifestantes cortou a auto-estrada A-7 em direção a Valencia. Os confrontos provocaram 14 feridos e 33 detidos.

Na véspera, uma jovem foi atingida por uma bala de borracha, tendo perdido um olho na sequência do disparo. O Ministério do Interior anunciou a abertura de um inquérito e o diretor geral dos Mossos de Esquadra prometeu “transparência máxima” para apurar os factos. O incidente trágico reabriu o debate sobre o uso desta munição por parte da polícia contra manifestantes. Na quarta-feira à noite foram disparadas 120 balas de borracha, acrescentou o responsável policial.

Em Madrid, a concentração convocada para a Puerta del Sol também terminou em confrontos com a polícia nas ruas adjacentes, tendo sido detidas 19 pessoas. As cargas policiais ocorreram quando os manifestantes tentavam dirigir-se para o edifício do Congresso dos Deputados, tendo sido lançado gás lacrimogéneo. A polícia fala em 35 agentes e 20 manifestantes ou transeuntes feridos durante as várias cargas policiais.  

Os protestos a exigir liberdade para o cantor preso pelo crime de injúrias à monarquia nas suas canções e tweets alastraram a dezenas de cidades do Estado espanhol. Em Granada, também houve manifestações que terminaram com contentores queimados, ao contrário de boa parte das concentrações, que decorreram sem incidentes, como as de Sevilha e Alicante ou as de oito cidades galegas que juntaram muitas centenas de pessoas, apesar do mau tempo.

PP aplaude prisão de Hasél e culpa a Unidas Podemos pelos incidentes

Após mais uma derrota humilhante nas eleições catalãs, onde voltou a não conseguir deputados suficientes para formar um grupo parlamentar e foi ultrapassado pelo Vox, o Partido Popular tentou aproveitar os protestos contra a prisão de Hasél para explorar divisões no governo espanhol. Um dos principais dirigentes do Podemos, o porta-voz Pablo Echenique, tinha publicado um tweet a apelar à participação nas manifestações. Para os presidentes da Câmara e da Comunidade Autónoma de Madrid, José Martínez-Almeida e Isabel Díaz Ayuso, isso seria motivo para o primeiro-ministro afastar Pablo Iglesias do governo. Segundo o El Diario, a líder parlamentar do PP, Cuca Gamarra, chegou mesmo a denunciar “o caminho de Trumpismo por parte dos dirigentes do Podemos”, a propósito das manifestações que reclamaram amnistia para o rapper catalão, que o PP considera “um vulgar delinquente”.

As críticas da direita foram depois amparadas a partir do interior do Governo, com a vicepresidenta Carmen Calvo a demarcar-se do parceiro de coligação, acusando o porta-voz da Unidas Podemos de “apoiar um protesto que resultou em feridos, detidos e destruição de bens materiais”. Também o delegado do Governo em Madrid, José Manuel Franco, afirmou que “não é agradável ouvir essa opinião dos parceiros”, enquanto defendia a proporcionalidade da ação policial na capital espanhola.

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