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Parlamento grego dá luz verde ao nascimento da Macedónia do Norte

O acordo histórico entre Atenas e Skopje vai normalizar as relações entre os dois países e levantar o veto grego à adesão da antiga república jugoslava à UE e NATO.
Giorgios Katrougalos (ministro dos Negócios Estrangeiros) e Alexis Tsipras no final da votação do acordo histórico no parlamento grego. Foto retirada do Twiter de Alexis Tsipras

Ao fim de três dias de debate aceso em plenário, com a maioria dos deputados a intervir, o parlamento grego aprovou por 153 votos contra 146 e uma abstenção, a ratificação do Acordo de Prespes, que põe o ponto final numa batalha diplomática que dura desde o desmembramento da Jugoslávia.

Para além dos deputados do Syriza, o acordo teve o voto favorável de dois deputados dos Gregos Independentes (partido que rompeu a coligação e saiu do governo por causa do acordo), dois deputados do To Potami, e de um deputado do DIMAR, um ex-PASOK e outro da Esquerda Democrática. A abstenção foi de um deputado que saiu do To Potami por causa do acordo.

“As próximas gerações estarão agradecidas aos deputados que, com coragem e bravura, construíram as fundações de um futuro de paz, solidariedade e coexistência harmoniosa entre duas nações”, afirmou Alexis Tsipras a seguir à votação, destacando o “dia histórico” para a Grécia por conseguir “salvaguardar uma parte importante da sua história, a herança da antiga Macedónia grega”.

“A Macedónia do Norte, que nasceu hoje, será um país amigo, um aliado e apoiante da Grécia nos seus esforços pela segurança, estabilidade e desenvolvimento da região”, prosseguiu Alexis Tsipras. Após a votação, os líderes políticos da UE, da NATO e da ONU saudaram a ratificação do acordo.

Também o primeiro-ministro da futura Macedónia do Norte, Zoan Zaev, deu os parabéns ao homólogo grego pela “vitória histórica”. “Viva o Acordo de Prespes! Pela paz eterna e o progresso dos Balcãs e da Europa!”, exclamou o governante que também teve de ultrapassar a oposição ao acordo no seu parlamento.

O debate parlamentar na Grécia e os dias que o antecederam foram marcados pelo ressurgir da retórica nacionalista da extrema-direita, não apenas por parte dos neonazis da Aurora Dourada, mas também dos Gregos Independentes, após abandonarem o governo liderado por Tsipras. No debate parlamentar, o seu líder e ex-ministro da Defesa Panos Kammenos, chegou mesmo a replicar a teoria da conspiração da extrema-direita antissemita internacional, acusando o milionário George Soros de estar por detrás deste acordo, vendo nele um plano para dissolver a Grécia.

O líder da oposição, Kyriakos Mitsotakis, da Nova Democracia, lamentou o que chama de “concessão” às pretensões do vizinho do norte e afirmou que não irá abrir mão do direito de veto da sua entrada na União Europeia.

Os dias do debate foram também de protestos convocados pela direita nacionalista em frente ao parlamento, que resultaram em confrontos. A ministra da Proteção Civil afirmou que “não há memória de tanta violência ou de um ataque organizado contra a polícia que guarda o parlamento”. Mas a perspetiva da derrota e o temporal que se abateu sobre Atenas esta sexta-feira, com chuvas torrenciais durante a manhã, levou a que houvesse menos manifestantes à porta do parlamento do que deputados a votar a favor e contra o acordo.

 

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