Houve “golpada” no referendo organizado pelo Pingo Doce, diz sindicato

13 de August 2020 - 16:26

Universo eleitoral desconhecido, uma plataforma de voto que não se sabe se registou quem votou no quê, falta de privacidade na votação, pressões e ameaças a quem votou contra a administração, estas são algumas das irregularidades denunciadas. O CESP vai impugnar o referendo sobre banco de horas grupal em tribunal.

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Trabalhadores numa ação contra o banco de horas no Pingo Doce. Foto: CESP/Facebook.
Trabalhadores numa ação contra o banco de horas no Pingo Doce. Foto: CESP/Facebook.

O CESP, Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal, acusa o grupo Pingo Doce/JMR de ter feito uma “golpada” no referendo sobre o banco de horas grupal e comunica que vai impugná-lo em tribunal.

O sindicato informou ainda que enviou uma denúncia à Comissão Nacional de Proteção de Dados, uma vez que a empresa forneceu dados pessoais de todos os seus trabalhadores a duas empresas externas.

Em comunicado, a estrutura insurge-se contra todo o processo que decorreu entre 16 de julho e três de agosto e que culminou com o anúncio da administração da vitória da sua proposta. Segundo o CESP, o referendo terá “consequências muito graves para os trabalhadores”, “não foi isento, não foi independente e não foi nada transparente”.

Entre as várias irregularidades citadas, está a falta de informação aos sindicatos do número de trabalhadores com direito a voto, o que seria um “fator essencial para o apuramento dos resultados” e informação sobre quais trabalhadores exerceram o direito a voto, “sendo que alguns são trabalhadores com contrato a termo, para reforço de férias ou substituição de trabalhadores ausentes”.

O sindicato refere ainda que lhe chegaram várias denúncias de que “algumas chefias ameaçaram os trabalhadores que votaram “Não” de que estes nunca mais iriam receber prémio” e lança a pergunta: “como sabe o Pingo Doce que os trabalhadores votaram Não?” Estas denúncias acrescentam dúvidas sobre a plataforma criada para a votação poder ter registado o voto de cada um dos trabalhadores, “colocando em causa a confidencialidade do voto”.

Fala-se num clima de repressão por parte das chefias e de condicionamento de exercício do direito de voto. Os relatos dão conta de votações feitas no gabinete da gerência, e até mesmo no computador do gerente, “sempre com ele presente”; de casos em que “era o próprio que introduzia os dados, sem os trabalhadores os fornecerem” e até de uma trabalhadora de baixa “que foi contactada pela supervisora solicitar os dados pessoais para aceder na plataforma e votar por ela”.

De acordo com o CESP, “numa das lojas do Norte do país, as chefias acederam aos dados pessoais dos trabalhadores e votaram pelos mesmos”.