Coligação “Unidos Podemos” passa PSOE nas sondagens

14 de May 2016 - 18:21

Num comício em Córdoba com a participação do antigo líder comunista Julio Anguita, Pablo Iglesias afirmou que a coligação pode ganhar as eleições de 26 de junho e desafiou o PSOE para “um governo progressista”

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Comício do Podemos em Córdoba, com Teresa Rodriguez, Pablo Iglesias, Pablo Echenique, Maribel Mora e Jose González 'Kichi'

A coligação que juntará o Podemos e a Izquierda Unida nas eleições espanholas de 26 de junho já tem nome – “Unidos Podemos” – e a soma das suas intenções de voto às das restantes coligações que formaram em várias regiões coloca esta convergência em segundo lugar na sondagem publicada este sábado pelo portal Publico.es.

Segundo esta sondagem do Instituto JM&A, a soma das confluências em que participam Podemos e Izquierda Unida elegeria 88 deputados (mais que os 71 das eleições de dezembro), com o PSOE a cair de 90 para 73. Também o PP sai penalizado do período que sucedeu às eleições, com 112 em vez dos 123 deputados alcançados em dezembro. O partido Ciudadanos também tem razão para sorrir com esta sondagem que lhes dá 52 deputados, mais do que os 40 eleitos há cinco meses. No final das contas, o parlamento continuará empatado entre esquerda e direita, bem como o número de votos absoluto.

A confirmar o interesse dos eleitores pelo ato eleitoral de junho está o número de pedidos para o voto por correio, que quintuplicou em relação a dezembro. Mais de 125 mil eleitores já pediram para poder votar antecipadamente por estarem impossibilitadas de o faze a 26 de junho.

Pablo Iglesias: “David pode ganhar a Golias”

“David pode ganhar a Golias”, defendeu esta sexta-feira Pablo Iglesias num comício em Córdoba, referindo-se às sondagens que aproximam a nova coligação do PP. Dando como certo que a 26 de junho “não haverá maioria absoluta para ninguém”, o líder do Podemos voltou a desafiar o PSOE para formar um governo progressista, porque é necessário pôr “o interesse das pessoas” acima de tudo.

“Se ganharmos ou formos a segunda força”, prosseguiu Iglesias citado pela Europa Press, a coligação de esquerda não pedirá “um cheque em branco ou a investidura a troco de nada”, mas irá sim “estender a mão para que estejam connosco no governo”, prometeu, apelando também a um entendimento no Senado para que o PP deixe de conseguir com pouco mais de 25% dos votos controlar 60% do Senado.

Sublinhando que o acordo de coligação assinado com Alberto Garzón “fez renascer a esperança” entre o eleitorado do Podemos e Izquierda Unida, Pablo Iglesias apostou que essa esperança será “o motor político da campanha”. E viu surgir no comício aquele a quem chamou o seu “conselheiro em todas as decisões difíceis”: Julio Anguita, antigo líder do PCE e uma das vozes que mais defenderam a necessidade de Podemos e IU juntarem forças nas eleições.

Anguita saudou a nova coligação, que no seu entender “acabará por se tornar uma força política e social tremenda”, fazendo lembrar os primeiros tempos da democracia. O histórico comunista recomendou que para atingir o objetivo, o Unidos Podemos deverá atuar “com firmeza, serenidade e com uma linguagem doce mas penetrante como um bisturi”, de forma a construir uma confluência política que permita “não pedir, mas exigir estar no governo”.