Venezuela diante da incógnita

Chávez venceu com margem confortável em outubro e o seu partido ganhou cinco governos à oposição em dezembro. Mas a possibilidade de o líder da revolução bolivariana não sobreviver à doença levanta enormes incógnitas e desafios.

31 de dezembro 2012 - 13:58
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À véspera das eleições na Venezuela, em 7 de outubro, a maior parte das previsões apontava para uma vitória por pequena margem do presidente Hugo Chávez, e alguns chegaram mesmo a aventar a possibilidade de a oposição ganhar. Afinal, Chávez venceu por uma margem confortável: 54,42% dos votos, contra 44,97% do candidato rival, Henrique Capriles.

A ida às urnas foi recorde: 80,94% por cento dos eleitores votaram nestas eleições.

"Obrigado ao meu amado povo! Viva a Venezuela! Viva Bolívar!", agradeceu o Presidente, alguns minutos depois do anúncio dos resultados, através da sua conta no Twitter, a mais popular rede social no país. Os seus apoiantes celebravam nas ruas.

Admitindo a derrota, Capriles não deixou de sublinhar a importância da sua votação: "Iniciámos a construção de um caminho e aí estão mais de seis milhões de pessoas à procura de um melhor futuro”.

No “balcão do povo”, Chávez felicitou “os compatriotas que votaram pela revolução” e os opositores por terem reconhecido de imediato os resultados eleitorais. “Graças a Deus e à consciência do nosso povo, não houve nada que manchasse a batalha perfeita e a vitória perfeita”, disse.

PSUV conquista 20 dos 23 governos

No dia 16 de dezembro, o PSUV de Chávez conquistou 20 dos 23 governos em disputa, cinco dos quais eram governados pela oposição, reafirmando a sua consistente maioria no âmbito nacional. Mas a Venezuela inicia o ano de 2013 diante de uma nova e delicada etapa e desafio: o de manter o curso de Chávez sem a sua presença.

Internado para uma nova cirurgia em Cuba, onde já tratara antes o cancro que o afeta, Hugo Chávez luta pela vida e está descartado que se recupere a tempo de assumir, no dia 10 de janeiro, o seu quarto mandato presidencial.

O próprio Chávez nomeara antes Nicolás Maduro como seu sucessor. Porque é muito alta a possibilidade de que em menos de dois meses os venezuelanos sejam novamente convocados às urnas para escolher novo presidente.

Se voltar, o presidente não terá as condições de antes – mesmo considerando-se esse ‘antes’ como o último ano e meio, de extremos sacrifícios pessoais causados pelo cancro. Será um Chávez extremamente debilitado fisicamente: afinal, foram quatro operações prolongadas e complexas em pouco mais de dezoito meses.

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