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Trabalho reprodutivo
“Farta até à cona de gerar a mais-valia dos homens. Trabalho reprodutivo sustenta o capital.” Foi este o cartaz, da autoria de Irene Martín, que suscitou um pequeno debate sobre trabalho reprodutivo e que, sem ter essa intenção, revelou algum desconhecimento ainda existente sobre o conceito.
Surgindo em oposição ao conceito de trabalho produtivo, o trabalho reprodutivo engloba todas as tarefas geralmente associadas ao apoio da atual e futura força de trabalho. É geralmente não remunerado, não reconhecido económica e socialmente e ainda é maioritariamente desempenhado por mulheres.
Neste dossier, Ana Cansado fala-nos sobre a divisão sexual do trabalho, quer em contexto profissional, quer em contexto doméstico, lembrando a necessidade de “um feminismo que perceba que as contradições entre o trabalho e o cuidado são tão importantes como as contradições entre o trabalho e o capital”.
Joana Alves escreve sobre o trabalho dos cuidadores de pessoas com deficiência e sobre as medidas necessárias para minimizar os impactos negativos do cuidado na vida de quem cuida e de quem é cuidado, garantindo a dignidade e direitos de todos os envolvidos. Sobre o mesmo tema, Alexandra Lopes esclarece a necessidade de se reconhecer legalmente o estatuto do cuidador informal, acompanhando-o com um reconhecimento efetivo junto das entidades empregadoras, dos profissionais de saúde e agentes económicos.
Num contexto em que se fala mais das situações de assédio sexual em contexto laboral, e partindo da realidade dos Estados Unidos da América, Sarah Jaffe aponta a ausência de respostas para lidar com casos de assédio sexual sentidos por trabalhadoras domésticas.
Partindo de uma analogia do que foram as condições de servidoras criadas na família dos seus patrões, Inês Brasão analisa os dados provisórios sobre a situação do Trabalho doméstico em Portugal feitos pela associação Comunidária.
Adriana Lopera aborda a greve de mulheres a 8 de março, uma ação de luta que pretende desfazer essa divisão entre o trabalho produtivo e o trabalho de cuidados.
Por fim, Thamíris Evaristo vem problematizar o conceito de tempo livre e a forma como a liberdade para decidir o que fazer com este é condicionada pela oferta cultural e pela divisão do trabalho reprodutivo.
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