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Trabalho reprodutivo

No seguimento de um pequeno debate em torno do trabalho reprodutivo, o esquerda.net publica uma série de contributos e reflexões sobre este conceito e as tarefas a ele associadas. Dossier de Érica Almeida Postiço.
Trabalho reprodutivo
Fotografia gentilmente cedida por Irene Martín.

“Farta até à cona de gerar a mais-valia dos homens. Trabalho reprodutivo sustenta o capital.” Foi este o cartaz, da autoria de Irene Martín, que suscitou um pequeno debate sobre trabalho reprodutivo e que, sem ter essa intenção, revelou algum desconhecimento ainda existente sobre o conceito.

Surgindo em oposição ao conceito de trabalho produtivo, o trabalho reprodutivo engloba todas as tarefas geralmente associadas ao apoio da atual e futura força de trabalho. É geralmente não remunerado, não reconhecido económica e socialmente e ainda é maioritariamente desempenhado por mulheres.

Neste dossier, Ana Cansado fala-nos sobre a divisão sexual do trabalho, quer em contexto profissional, quer em contexto doméstico, lembrando a necessidade de “um feminismo que perceba que as contradições entre o trabalho e o cuidado são tão importantes como as contradições entre o trabalho e o capital”.

Joana Alves escreve sobre o trabalho dos cuidadores de pessoas com deficiência e sobre as medidas necessárias para minimizar os impactos negativos do cuidado na vida de quem cuida e de quem é cuidado, garantindo a dignidade e direitos de todos os envolvidos. Sobre o mesmo tema, Alexandra Lopes esclarece a necessidade de se reconhecer legalmente o estatuto do cuidador informal, acompanhando-o com um reconhecimento efetivo junto das entidades empregadoras, dos profissionais de saúde e agentes económicos.

Num contexto em que se fala mais das situações de assédio sexual em contexto laboral, e partindo da realidade dos Estados Unidos da América, Sarah Jaffe aponta a ausência de respostas para lidar com casos de assédio sexual sentidos por trabalhadoras domésticas.

Partindo de uma analogia do que foram as condições de servidoras criadas na família dos seus patrões, Inês Brasão analisa os dados provisórios sobre a situação do Trabalho doméstico em Portugal feitos pela associação Comunidária.

Adriana Lopera aborda a greve de mulheres a 8 de março, uma ação de luta que pretende desfazer essa divisão entre o trabalho produtivo e o trabalho de cuidados.

Por fim, Thamíris Evaristo vem problematizar o conceito de tempo livre e a forma como a liberdade para decidir o que fazer com este é condicionada pela oferta cultural e pela divisão do trabalho reprodutivo.

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Neste dossier:

Trabalho reprodutivo

Trabalho reprodutivo

No seguimento de um pequeno debate em torno do trabalho reprodutivo, o esquerda.net publica uma série de contributos e reflexões sobre este conceito e as tarefas a ele associadas. Dossier de Érica Almeida Postiço.

Trabalho ao Quadrado

Trabalho ao Quadrado

O desafio de escrever sobre o trabalho reprodutivo é sobretudo pensar o trabalho e como para as mulheres é quase sempre um trabalho ao quadrado. Artigo de Ana Cansado.

24 horas por dia

24 horas por dia

24 horas por dia, 365 dias por ano, sem pausas e (quase) sem apoios sociais: em Portugal, assim é prestado o cuidado informal. Artigo de Joana Alves.

É tempo de reconhecer o valor do cuidador informal!

É tempo de reconhecer o valor do cuidador informal!

O reconhecimento do cuidador, materializado no estatuto do cuidador informal, é fundamental por vários motivos. Artigo de Alexandra Lopes.

Quem protege as trabalhadoras domésticas na era do #MeToo?

Quem protege as trabalhadoras domésticas na era do #MeToo?

Os domínios do entretenimento e da política dominam as notícias, enquanto o assédio e agressões sexuais a trabalhadoras domésticas são questões que geralmente ficam sem resposta. Artigo de Sarah Jaffe.

A gata borralheira - uma história para adultos

A gata borralheira - uma história para adultos

Numa altura em que os holofotes da ficção parecem enamorados pelo servilismo, remetendo-o a um passado longínquo ou a um cenário futuro, no presente o trabalho doméstico continua condenado à invisibilidade e à subalternização. Artigo de Inês Brasão.

A greve de 8 de Março como forma de luta feminista anticapitalista

A greve de 8 de Março como forma de luta feminista anticapitalista

Esta pode vir a ser uma nova fase de articulação feminista numa resposta global à fragmentação das lutas imposta pelo capitalismo e o neoliberalismo. Uma ação consertada internacionalmente, que propõe ultrapassar fronteiras, com uma visão global de luta e solidariedade. Artigo de Adriana Lopera.

Tempo livre no capitalismo: alienação e reprodução

Tempo livre no capitalismo: alienação e reprodução

O “tempo livre” no capitalismo, em tese, é o tempo que as pessoas passam fora dos seus trabalhos. Apesar de aparentemente esse conceito ter uma definição simples é necessário problematizar essa questão. Artigo de Thamíris Evaristo.