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Natália Correia: a censura de “O Encoberto”

"Trata-se do desenvolvimento em estilo de 'paródia' de assunto histórico, com não poucas pinceladas pornográficas, à maneira de 'Natália Correia', com alusões ao povo português ou a figuras históricas com expressões de chacota e uma clara intenção de ridicularizar", pode ler-se no relatório da PIDE. Por Ana Bárbara Pedrosa.

Em 1969, Natália Correia publicou O Encoberto, modelo de teatro épico-narrativo, a sua décima nona obra. Por esta altura, a autora tinha 45 anos e contava já com cinco obras censuradas, a primeira das quais uma década antes.

Uma vez publicada a obra dramatúrgica, os serviços censórios não só proibiram que fosse levada a cena como proibiram que circulasse em livro. Tendo o mito de D. Sebastião como cerne da narrativa, a autora não o confinou à circunscrição histórica da crise dinástica de 1580 que levou ao poder régio a dinastia Filipina. Pelo contrário, o reinado filipino funciona aqui apenas como paisagem simbólica do drama, uma vez que este se dilui na intemporalidade do mito para dar azo ao desenvolvimento de uma acção sobre um povo que vive numa situação de privações, sem poder tomar as rédeas da própria vida. D. Sebastião aparece como a presumível salvação desse povo e todas as personagens têm uma carga simbólica que as reconfigura à luz da necessidade de um povo se libertar de grilhões ditatoriais.

Na peça dramatúrgica, a autora opta deliberadamente pelo hibridismo das fronteiras entre o teatro e a representação do mundo. Esta será uma das marcas de maior destaque na obra, já que não só põe o social no cerne da criação literária como, em concomitância, faz extravasar da literatura o seu conteúdo social, transformando-se a obra numa ferramenta de reflexão sobre o mundo. Assim, a acção é expressiva do que extravasa o palco, reflectindo-o. Esta última palavra terá aqui duplo sentido: a obra pensa sobre o que extravasa o palco ao mesmo tempo que o espelha.

O pessimismo

O contexto em que a obra nasceu não será ingénuo. Pelo contrário, este foco na necessidade do ressurgimento do mito para salvar o país tem tudo que ver com as posições políticas, de confronto com o Estado Novo, que a autora vinha já a exercer de forma pública havia cerca de pouco mais de uma década. Ao mesmo tempo, a obra revela pessimismo, já que a salvação só seria possível pelo cumprimento do mito que não chega (o que se apresenta como tal aparenta ser uma farsa) e porque a espera faz lembrar a espera por Godot. Para mais, por toda a obra perpassa a descrença na capacidade do povo português de ultrapassar a decadência, de tomar as rédeas dos seus destinos, de dar a volta ao que o tolhe.

A ideia de que nada terá salvação será repetida ao longo da obra, e isto apesar de se erigir um símbolo em torno do qual gira a esperança no imaginário português: afinal, seria D. Sebastião aquele que traria a solução para os problemas da pátria, libertando-a dos grilhões que a prendiam a vontades que não seriam as do seu povo. Para mais, a confusão em torno da personagem Bonami/Bonami-Rei também deixa em aberto se a existência deste símbolo seria factual ou se seria apenas usada em detrimento do desespero de um povo.

Ao mesmo tempo, é o próprio povo que, na peça, chega a considerar o símbolo da esperança opressor, num pessimismo que parece tornar-se insuperável. Inicialmente, encolhe os ombros perante a ideia da morte de Bonami-Rei, vindo depois a conceder-lhe o interesse da utopia, ou seja, o interesse não do que é, mas do que podia ter sido. Assim, constata-se que a utopia não pode nunca tornar-se real, valendo apenas na medida do que podia ter sido, uma vez que a sua realização teria uma nova opressão inerente. Bonami-Rei, desta forma, ao invés de significar a esperança, significaria o seu contrário, já que a sua morte aniquilaria todas as hipóteses de acção. Teria de viver, fosse farsa ou não, para que existisse um símbolo.

Esta confusão será acentuada pelo coro das Catadeiras de Piolhos, a que, por toda a obra, estão associados um pessimismo profético e o constante desprestígio de D. Sebastião. As Catadeiras revelam os factos históricos, acabando por tirar ilações simplistas. Ainda que desprestigiando D. Sebastião, vacilam e desdizem-se ao assumirem que o actor pode ser e pode não ser o monarca, ou seja, a sua posição vai mudando, existe uma ambivalência entre actor e personagem. Assim, começam por desprestigiá-lo, mas depois reproduzem o hibridismo de que já falámos anteriormente e que é repetido pelas próprias personagens e pelo desenrolar da história, intenção da autora, havendo inicialmente uma identificação plena que se transforma num grande distanciamento.

A dualidade é instável. Quem lê desconfia, mas também a desconfiança vacila. O jogo ambíguo da autora foi feito de forma irrepreensível: as personagens argumentam, endrominam, usam o que lhes é mais conveniente. Perante o texto que é apresentado, cabe a quem lê reflectir apenas sobre a questão messiânica, servindo esta dualidade apenas para pensá-la. No final, não se entende se Bonami é o rei, mas talvez tal não interesse. Pelo menos, descobri-lo não foi a intenção da autora.

O absurdo contribui para que se misture tão eficazmente a realidade e a ficção. A visão pessimista tem aqui o seu auge, na medida em que são ridicularizados os símbolos, apresentados como forma de endrominar ou acalmar as pessoas que neles podem ver algum sinal de esperança. Ao mesmo tempo, mostra-se que a verdade é modificável consoante as conveniências do Estado ou as necessidades de crença num messias. Assim, é o próprio Bonami-Rei que admite fazer flutuar a sua identidade, embora aqui o faça em detrimento das necessidades alheias. Quando D. João de Castro lhe diz que ele simboliza a liberdade, Bonami-Rei opta pela outra identidade em jogo:

BONAMI-REI

Se estão convencidos disso é preciso tirar-lhes essa mania da cabeça. Dir-lhes-ei que sou um actor. (p. 55)

Sobrevive na peça a ideia essencial do messianismo: a de que algo só deve mantido se agradar ao público, se lhe der esperança, se o fizer acreditar que tudo há-de melhorar.

A censura de O Encoberto

Assim que a obra foi publicada, foi censurada pela PIDE, não podendo ser posta em cena. Nos arquivos da polícia política, há um parecer, datado de 3 de Fevereiro de 1970, a ditar a proibição da obra1:

Relatório nº 8.665

“O Encoberto” - 123 páginas

de

Natália Correia

É uma peça sobre o “mito” do regresso de D Sebastião, o “Encoberto”.

Trata-se do desenvolvimento em estilo de “paródia” de assunto histórico, com não poucas pinceladas pornográficas, à maneira de “Natália Correia”, com alusões ao povo português ou a figuras históricas com expressões de chacota e uma clara intenção de ridicularizar.

Vejam-se os exemplos das páginas 13, 14, 19, 22, 26, 38, 40, 43, 57, 59, 60, 64, 65, 112 e muitas outras passagens, que vão anotadas no livro e não vale a pena numerar.

Conclusão: Julgo ser de proibir, por inconveniência política e ser pornográfica 3/2/70

No entanto, há registos de uma carta de Natália Correia a Marcelo Caetano, datada de 7 de Abril de 1969, em que a autora pedia ao Presidente do Conselho de Ministros que a decisão pela censura fosse alterada.

Excelência:

As palavras que Vossa Excelência há poucos meses dirigiu àquele grupo de intelectuais que junto de Vossa Excelência representou os signatários de uma carta que eu também tive a honra de subscrever, encorajam-me a vir individualmente à sua presença para expor um caso concreto, que reputo de fundamental importância na minha carreira e na própria actualidade cultural portuguesa.

Sei que Vossa Excelência tem reservas, que lhe parecem legítimas, quanto a um estudo e antologia por mim publicados (aliás com propósitos acentuadamente crítico-culturais), mas sei também que autorizou o meu amigo e camarada de letras David Mourão-Ferreira a transmitir-me essas mesmas reservas, e tal atitude tão francamente directa da parte de Vossa Excelência mais me anima a trazer ao seu conhecimento o referido caso.

Desejou vivamente o Teatro Experimental de Cascais, há cerca de um ano, levar à cena uma peça da minha autoria, intitulada O Encoberto, por enquanto inédita e cujo tema é, sucintamente, um novo tratamento do mito sebástico, não só representativo de um saudosismo tipicamente português, mas também de um messianismo universal. Entendeu, no entanto, a Censura da época descortinar abusivamente, em certos pontos, menos veracidade histórica onde na realidade existia uma interpretação poética – e crítica – da História, dentro daquela liberdade de criação dramatúrgica sem a qual não admitiríamos, nomeadamente, o teatro de um Shakespeare. Refuto, por outro lado, como igualmente abusiva, qualquer interpretação tendente a ver um propósito de crítica à actualidade portuguesa, porquanto, no final da peça, quando se dá uma transposição do mito para a actualidade, essa actualidade é declaradamente universal, propondo-me eu um confronto de natureza mítica entre a imaginação e os valores oníricos, por um lado, e, por outro, o condicionalismo tecnológico que despersonaliza dos homens.

Assombrou-me, por isso mesmo, que uma peça que contém valores puramente espiritualistas, isentos de toda e qualquer ideologia política, pudesse incorrer no desagrado da Censura; e verifiquei assim que essa Censura não estava então culturalmente preparada para entender o conteúdo desta minha obra. Na esperança de que tal óbice tenha sido entretanto remediado, e confiando sobretudo na dignidade intelectual de Vossa Excelência, é que me atrevo a chamar a sua esclarecida atenção para o caso que acabo de expor. Devo ainda precisar que não me move um interesse meramente pessoal: com efeito, o Teatro Experimental de Cascais, que tanto prestigiou o teatro português no recente Festival de Barcelona, insiste em levar à cena aquele meu original e desejaria fazê-lo, por conveniência de repertório, com a maior brevidade, - se possível, mesmo, a seguir à peça que tem actualmente no cartaz. Para isso, todavia, necessita da pronta revisão, por parte da Censura, do veredicto que, há cerca de um ano, injusta e precipitadamente condenou a obra.

Na esperança de que Vossa Excelência, cujas decisões são tão relevantes para a Cultura portuguesa, tome em devida consideração o assunto que expus.

Subscrevo-e, com os protestos da mais alta consideração,

Natália Correia

Lisboa, 7 de Abril de 1969

 

Ou seja, Natália Correia sabia de antemão da proibição, não se percebendo porque é que o parecer da PIDE foi tão tardio. A carta não surtiu efeito algum e a peça continuou sem poder ser encenada. Assim sendo, só viria a cena em 1977, no Teatro Maria Matos, em Lisboa, pela Repertório-Cooperativa Portuguesa de Teatro.

Para saber mais sobre as obras das autoras portuguesas censuradas pela PIDE, clique aqui.

1A Direcção Geral dos Serviços de Espectáculos já a havia proibido de ir a cena no dia 6 de Junho de 1968. O ficheiro que dita a proibição (com o número 8711), contudo, não se encontra no arquivo.

Sobre o/a autor(a)

Doutorada em Literatura, investigadora, editora e linguista. Escreve com a grafia anterior ao acordo ortográfico de 1990.
(...)

Neste dossier:

As obras das autoras portuguesas censuradas pela PIDE

Nas últimas semanas, estivemos a olhar para a história da censura literária em Portugal, focando-nos nas obras das autoras que a PIDE censurou. Neste dossier, podemos ver análises de todas essas obras - um total de 21, escritas por 9 autoras. Dossier organizado por Ana Bárbara Pedrosa.

Escritoras portuguesas e Estado Novo: 9 autoras e 21 obras censuradas

No decorrer do Estado Novo, foram censuradas 21 obras de 9 autoras portuguesas. Salta à vista o número reduzido e a variedade de percursos destas obras, que têm ainda valores literários muito diferentes. Por Ana Bárbara Pedrosa.

Três Marias: a censura de “Novas Cartas Portuguesas”

"Algumas das passagens são francamente chocantes por imorais (...) Sou do parecer que se proíba a circulação no País do livro em referencia, enviando-se o mesmo à Polícia Judiciária para efeitos de instrução do processo-crime." Por Ana Bárbara Pedrosa.

Maria Teresa Horta: a censura de “Minha Senhora de Mim” (1971)

"Minha Senhora de Mim (1971) compõe-se de 59 poemas. Neles, a autora usa a forma poética das cantigas de amigo medievais, usando a literatura canónica – e, portanto, a tradição literária – para desafiar um status quo." Por Ana Bárbara Pedrosa.

Maria Teresa Horta: a censura de “O delator”

"É uma peça nitidamente marxista, sem ponta por onde se lhe pegue: se fizesse cortes seria da primeira à última linha. Por isso reprovo.", pode ler-se num parecer da PIDE. Por Ana Bárbara Pedrosa.

Fiama Hasse Pais Brandão: a censura de "Quem move as árvores" (1970)

"As relações dialógicas são constantes na obra de Fiama: se em O Testamento vimos que vida e peça se confundem, dialogando, em Quem move as árvores há um paralelismo temporal com alcance no passado, entre a época da monarquia e o Estado Novo. Em nenhum dos casos o povo escolhe, o poder é imposto." Por Ana Bárbara Pedrosa.

Fiama Hasse Pais Brandão: a censura de três peças num volume

"Auto da Família, consiste numa versão ou visão desprimorosa e desrespeitosa do Natal de Cristo, apresentando Maria e José como dois criminosos que, depois de terem morto, para os comerem, a vaca e a mula do presépio, abandonam o filho à porta do lavrador, proprietário da estrebaria onde os deixara alojar." Por Ana Bárbara Pedrosa.

Fiama Hasse Pais Brandão: a censura de “O Museu”

O tom absurdista da peça dificulta a sua análise, na medida em que, para além de não haver grandes relações dialógicas até nos próprios diálogos, se torna difícil descortinar as intenções da autora. No entanto, são mostrados dois grupos numa relação conflitual, em que um está submisso ao outro, recebendo acriticamente as suas instruções, viabilizando acontecimentos que servem os interesses do segundo. Por Ana Bárbara Pedrosa.

Fiama Hasse Pais Brandão: a censura de “O Testamento”

"A peça de Pais Brandão sugere que não pode haver espectadores na vida, que toda a gente tem de intervir em tudo o que à vida pública diz respeito, e é por isso que peça e vida se confundem, mostrando a autora que em tudo há relações dialógicas". Por Ana Bárbara Pedrosa.

Natália Correia: a censura de “O Encoberto”

"Trata-se do desenvolvimento em estilo de 'paródia' de assunto histórico, com não poucas pinceladas pornográficas, à maneira de 'Natália Correia', com alusões ao povo português ou a figuras históricas com expressões de chacota e uma clara intenção de ridicularizar", pode ler-se no relatório da PIDE. Por Ana Bárbara Pedrosa.

Natália Correia: a censura de “A Pécora”

Nesta peça, Natália Correia denunciou os poderes da Igreja e a relação estabelecida entre esta e o Estado, assim como o comércio religioso. Ao mesmo tempo, o povo tem consciência do seu poder colectivo. O Estado Novo não gostou. Por Ana Bárbara Pedrosa.

Natália Correia: a censura de “O vinho e a lira”

"Como a função destes Serviços não é de índole literária não cabe aqui a apreciação do valor literário desta obra que me parece nulo. Todavia há que assinalar as suas intenções e expressões que considero muito más.", pode ler-se no parecer da PIDE. Por Ana Bárbara Pedrosa.

Natália Correia: a censura de "O Homúnculo"

O Homúnculo contaria com a rápida censura, sendo de imediato apreendida, e, pasme-se, com a admiração de Salazar. No cenário, a autora denuncia ainda os pactos implícitos e explícitos entre os vários poderes que estruturavam a ditadura salazarista. Por Ana Bárbara Pedrosa.

Nita Clímaco: a proibição de “O adolescente”

As orelhas da capa do livro faziam propaganda a dois livros proibidos. Assim, a PIDE proibiu também a circulação deste romance. Por Ana Bárbara Pedrosa.

Natália Correia: a censura de “A comunicação”

Este é um texto em que a autora apresenta uma ambiguidade entre poesia e teatro. A PIDE considerou que “o estilo irreverente e por vezes pornográfico da linguagem em frequentes passagens de algumas das quadras” obrigava à “reprovação da peça”, já que a sua “Indispensável sequência” impossibilitava “quaisquer cortes de saneamento”. Por Ana Bárbara Pedrosa.

Nita Clímaco: a proibição de “Pigalle”

Como em "Falsos Preconceitos", o romance parece inicialmente querer contrastar uma moral retrógrada portuguesa com uma França livre e moderna. Acaba por mostrar uma França imoral, perversa, desta vez palco de negócios de tráfico e redes de prostituição. Por Ana Bárbara Pedrosa.

Nita Clímaco: a proibição de “Falsos preconceitos”

A PIDE considerou que “dada a imoralidade que o livro revela”, “não é de molde a ser autorizada a sua circulação no País”, e isto apesar de a obra ser de tal forma reaccionária que, afinal, se colocaria ao serviço do que o regime apregoava. Por Ana Bárbara Pedrosa.

Maria da Glória: a proibição de “A Magrizela”

Nesta obra, não apenas há muitas situações sexuais como há muitas variantes que hão-de ter sido ainda mais problemáticas para os censores: sexualidade infantil, necrofilia (praticada por crianças), atracção sexual de uma criança pelo pai adoptivo, relações eróticas homossexuais, relações eróticas grupais, várias relações extra-conjugais. Por Ana Bárbara Pedrosa.

Carmen de Figueiredo: a proibição de “Vinte anos de manicómio!”

O romance não foi censurado assim que foi publicado. É que, "como era feito por uma escritora”, os censores da PIDE nunca supuseram “que esta tivesse escrito com tanta realidade”.  O livro tem “um realismo tão cru e descrições de tal basévia e lubricidade que custa a crer terem sido escritas por uma mulher”. Por Ana Bárbara Pedrosa.

Carmen de Figueiredo: a proibição de “Famintos”

A PIDE censurou a obra “Famintos”, de Carmen de Figueiredo, considerando que esta se “refere a uma vida familiar romanceada, com descrição de acidentes trágicos, revelando caracteres mórbidos, aberrações sexuais e outras taras”. Por Ana Bárbara Pedrosa.

Fotografia: ephemerajpp.com

Maria Archer: a proibição de "Casa sem pão"

"Casa sem pão" (1957) foi o segundo livro de Maria Archer proibido pela PIDE e deu azo não apenas ao processo mais longo sobre qualquer uma das suas obras, mas também ao processo mais longo que tratamos neste dossier. Por Ana Bárbara Pedrosa.

Fotografia: cvc.instituto-camoes.pt

Maria Archer: a proibição de "Ida e volta duma caixa de cigarros"

A PIDE censurou a obra "Ida e volta duma caixa de cigarros", de Maria Archer, considerando que este “não atingiu o alcance moral” e que a autora “compraz-se na volúpia do pormenor sensual”. Por Ana Bárbara Pedrosa.