Maior fraude financeira de sempre chama-se Madoff

24 de dezembro 2008 - 0:00
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O esquema de Madoff é semelhante ao usado pela Dona Branca em Portugal. Eram prometidos ganhos muito superiores à rentabilidade do mercado de capitais, cerca de 12 a 13% ao ano, que eram pagos aos investidores mais antigos com o dinheiro dos investidores que acabavam de comprar os produtos financeiros do especulador norte-americano.



Apesar de as queixas com suspeitas sobre as operações conduzidas por Bernard Madoff terem chegado ao regulador dos mercados financeiros ainda em 1999, o regulador nunca encontrou problemas com os fundos. Agora serão investigadas as razões da negligência da regulação, com suspeitas de que as relações pessoais entre reguladores e o círculo de colaboradores e familiares de Madoff terão suavizado as investigações.



A fraude foi descoberta quando alguns investidores quiseram retirar 7 mil milhões de dólares dos fundos e Madoff não encontrou dinheiro para lhes pagar. Nessa altura terá contado a verdade aos seus colaboradores mais próximos, tendo sido denunciado ao FBI pelos seus dois filhos.



Os 50 mil milhões de dólares apontados pela acusação como o produto total desta fraude podem ser exagerados, já que contam com os ganhos artificiais inventados por Madoff. Mas a contabilidade das perdas apuradas pelo Wall Street Journal chega já aos 30 mil milhões, com grandes bancos e seguradoras de todo o mundo na lista dos perdedores.



Em Portugal, o impacto desta fraude está avaliado em 100 milhões de euros, com o Santander Totta e o BES a liderarem as perdas. Também o BPN, o banco Efisa e a gestora de fundos Valor Alternativo, de Dias Loureiro e Jorge Coelho, foram noticiados como tendo investido nos fundos de Madoff.



O autor da maior fraude financeira de sempre era conhecido como filantropo, administrando igualmente fundos de caridade promovidos por milionários com quem privava. Após ter sido preso, pagou uma caução de 10 milhões de dólares e está impedido de sair de casa até ao julgamento que promete ser um dos mais mediáticos do próximo ano.

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