Os eleitores irlandeses foram os únicos europeus a terem o direito de se pronunciar sobre o Tratado assinado em Lisboa pelos líderes políticos da UE. E decidiram rejeitá-lo num referendo ainda sem resultados finais, mas com os defensores do Sim a admitirem a derrota após conhecerem os resultados das primeiras contagens. O ministro da Justiça da Irlanda Dermot Ahern admitiu a vitória do "Não", maioritário sobretudo nas regiões rurais e nas zonas urbanas onde reside a classe trabalhadora. As zonas habitadas sobretudo pela classe média não aderiram tanto ao "Sim" como era esperado pela maioria dos partidos parlamentares que, à excepção do Sinn Fein, eram todos defensores do Tratado.
"Embora tenha havido muita desinformação do lado do "Não" durante a campanha, a mensagem que transmite este resultado é que quando o UE resolver escrever outro Tratado, tem de o fazer de forma inteligível para o cidadão comum", declarou Joan Burton, deputada trabalhista de Dublin.
O resultado irlandês deixa a União Europeia a braços com uma situação criada pelos líderes políticos após a derrota nas urnas francesas e holandesas do Tratado Constitucional. A versão de Lisboa deste Tratado, que pretensamente o simplificava, propunha as mesmas reformas com a diferença de que não seria entregue ao escrutínio popular. A excepção foi a Irlanda, por motivos constitucionais.
Em Portugal, o primeiro-ministro Sócrates considerou o Tratado como o marco mais importante da sua carreira política. Sócrates tinha prometido aos portugueses o referendo ao Tratado, mas viria a recuar na promessa, em nome da unidade com os restantes líderes europeus. O processo de ratificação do Tratado fez-se por via parlamentar, uma opção seguida por vários países, enquanto muitos outros optaram por esperar pelo resultado do referendo irlandês.
Irlandeses dizem "Não" ao Tratado de Lisboa
13 de junho 2008 - 0:00
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