Está aqui

História e algumas ideias da MGM Lisboa

A Marcha Global da Marijuana é uma manifestação anual realizada no primeiro sábado de Maio por todo o mundo. Em 1999, a Million Marijuana March em Nova Iorque deu o mote e rapidamente o evento se internacionalizou, chegando actualmente a mais de 300 cidades.
Cartaz da MGM Lisboa 2011

Em Portugal o movimento pela legalização da canábis era quase inexistente. A Marcha Global da Marijuana arrancou com uma concentração em 2006 na cidade de Lisboa, no Largo Camões. Organizada por um punhado de pessoas, esta iniciativa foi muito importante para que muitas outras (onde se destacam activistas pelo direito ao cultivo para consumo próprio), interessadas na luta pela legalização da canábis em Portugal se conhecessem e juntassem. Após uma breve intervenção do porta-voz da MGM Lisboa, Pedro Pombeiro, que criticou a política proibicionista defendendo as vantagens da legalização da canábis, os manifestantes marcharam pelo Bairro Alto gritando palavras de ordem, juntando centenas de pessoas pelo caminho e distribuindo um panfleto que seria a base do manifesto da MGM Lisboa. Estavam lançados os alicerces para um movimento que viria a crescer exponencialmente nos próximos anos.

Em 2007 foi a vez de se juntar a cidade do Porto, a partir da Praça do Marquês. Construiu-se um manifesto, que tem actualmente como subscritores a JSD, a JS, o BE, Miguel Guedes, Miguel Portas, Vitorino Salomé, Jamila Madeira, Mário Tomé, Pacman, Daniel Oliveira, entre outros. Em 2008 foi a vez da cidade de Coimbra aderir com uma concentração no Largo da Portagem e em 2009 Braga, no Arco da Porta Nova. Em 2010 realizaram-se igualmente iniciativas em todas estas cidades.

No âmbito da divulgação da MGM Lisboa, a Com.Maria (comissão organizadora) tem levado a cabo uma série de iniciativas, tais como conferências, festas, distribuições de panfletos, debates, projecção de filmes, bem como tem participado em programas de TV e rádio. Desde 2006 a MGM Lisboa já participou em iniciativas que tiveram lugar em diversas universidades, escolas secundárias e espaços associativos.

Actualmente, a MGM Lisboa começa com uma concentração no Jardim Mãe D'Água e segue em direcção ao Largo Camões com sons de reggae, faixas e pancartas com frases pela legalização em que se tem destacado “Abaixo a hipocrisia, legalizem a Maria”.

Em Portugal a legislação relativa à canábis é claramente proibicionista, a prova disso é um sistema prisional onde a maioria dos presos foi condenado em processos relacionados com drogas. E o consumo de canábis, apesar de descriminalizado, continua a ser perseguido e penalizado. Nesta guerra contra as drogas que é uma guerra contra pessoas, as principais vitimas são sobretudo os mais pobres e os mais jovens, grupos que pela sua condição social estão no centro da repressão policial.

Constatamos que a proibição não é do interesse público: põe em risco a saúde dos cidadãos, fomentando o mercado negro e a adulteração dos produtos e retira ao Estado milhões de euros em impostos. A experiência mostra-nos que o uso de canábis não é uma grave ameaça nem para os consumidores, nem para a sociedade. Por isso o Estado não pode continuar a limitar a liberdade individual e a perseguir os consumidores.

Desde a medicina à alimentação, passando pela produção de fibras, pasta de papel, energias alternativas e, claro, o uso relaxante e recreativo. Existem tantas utilizações com grandes vantagens sociais e económicas que é incompreensível, e até absurdo, que se mantenha a proibição de uma planta com tamanho potencial. A legalização é um passo muito importante que beneficiará as pessoas, a sociedade e o ambiente.


Texto publicado no site da MGM Lisboa.

Comentários (1)

Neste dossier:

Legalização da canábis

A canábis continua a ser a substância ilegal mais consumida no mundo, mas a experiência de milhares de anos de utilização ainda esbarra na hipocrisia das leis proibicionistas. Hoje já não é possível esconder que a "guerra às drogas" falhou e as alternativas voltam a estar em cima da mesa do debate.
Dossier organizado por Luís Branco para esquerda.net

Drogas em Portugal: É proibido mas pode-se fazer. E às vezes somos presos

Com a descriminalização, criou-se uma mudança na perspectiva em relação ao consumidor de drogas: este passou de criminoso a doente. Do tribunal para a comissão de dissuasão da toxicodependência ou, em última instância, da prisão para a coima. Continua proibido, mas pode-se fazer. Não acontece praticamente nada. E às vezes somos presos. Por Alex Gomes, activista da MGM Lisboa.

Recordações do primeiro debate parlamentar

A descriminalização fez dez anos, mas foi há onze que o parlamento assistiu a um debate muito quente entre defensores e adversários da despenalização do consumo de drogas, por iniciativa do Bloco. A primeira lei portuguesa para a legalização da canábis foi chumbada, mas a descriminalização passou, trazendo para a lei o princípio de que o consumidor não é um criminoso.

Legalização vai regressar a São Bento

Na passada legislatura, o Bloco de Esquerda voltou a ser o único partido a apresentar um projecto de lei pela legalização da canábis, que despenalizava também o cultivo para consumo próprio. E já disse que voltará a propor a iniciativa ao parlamento eleito em Junho.

Relatório da ONU: consumo cresce nos EUA e estabiliza na Europa

A canábis é a campeã de popularidade das drogas hoje ilegais e os dados de 2009 confirmam este lugar: o Relatório Mundial da Droga 2011 da ONU estima em 203 milhões o número máximo de pessoas que terão consumido canábis em todo o mundo, ou seja, 4,5% da população do planeta entre 15 e 64 anos (mais 0,2% do que em 2008). Acima desta média estão a Europa Central e Ocidental (7,1%), a Oceania (9,3%) e os Estados Unidos (10,7%).

Comissão Global declara falhanço da "guerra às drogas"

Kofi Annan, Mario Vargas Llosa, Fernando Henrique Cardoso, Javier Solana, George Shultz e Carlos Fuentes são algumas das personalidades que compõem a Comissão Global sobre Política de Drogas. No relatório agora apresentado, defendem que é preciso olhar para caminhos alternativos, já que "a guerra global às drogas falhou".

Cancelem a guerra global às drogas

O ex-presidente norte-americano Jimmy Carter escreveu este artigo de opinião no New York Times, fazendo o balanço sobre a responsabilidade do poder político desde a administração Reagan na tragédia em que se transformou a "guerra às drogas" para a juventude dos EUA. Carter apoia a estratégia da Comissão Global, liderada por Kofi Annan e antigos presidentes de vários países.

Amesterdão não quer coffee-shops só para holandeses

A proposta do governo conservador holandês de restringir o acesso aos coffee-shops não agrada à cidade que atrai um em cada quatro turistas por ser um símbolo da tolerância com o consumo de canábis. Os Conselhos Municipais de Eindhoven, Breda, Den Bosch, Haia, Roterdão, Maastricht, Tilburg e Utrecht juntaram-se ao protesto contra o "passe da erva".

Clubes Sociais de Canábis: o modelo espanhol

No país vizinho, a lei tem permitido o funcionamento destes clubes em espaços privados, dirigidos apenas a maiores de idade, com um limite para a quantidade de canábis que cada membro pode adquirir. São organizações sem fins lucrativos, constituindo uma alternativa ao modelo da legalização e venda em coffee-shops. Por Pedro Pombeiro, porta-voz da MGM.

Novas drogas: venda legal, risco desconhecido

Na internet e nas smart shops, é possível adquirir drogas sintéticas legais. Mas ninguém sabe ao certo quais as consequências a prazo do seu consumo, ao contrário da canábis, uma planta usada há milhares de anos e cujos efeitos foram analisados até a exaustão... mas que permanece ilegal.

Factos sobre a canábis

A Drug Pollicy Alliance faz campanha nos Estados Unidos por alternativas à "guerra às drogas", baseadas "na ciência, na compaixão, saúde e direitos humanos" e reuniu aqui uma série de factos que desmentem alguma da propaganda proibicionista que ouvimos nos media.

História e algumas ideias da MGM Lisboa

A Marcha Global da Marijuana é uma manifestação anual realizada no primeiro sábado de Maio por todo o mundo. Em 1999, a Million Marijuana March em Nova Iorque deu o mote e rapidamente o evento se internacionalizou, chegando actualmente a mais de 300 cidades.

Mais movimento, precisa-se!

É urgente um movimento social forte que questione o quadro actual e que faça propostas concretas e fundamentadas no sentido da legalização da canábis. Em Portugal, a Marcha Global da Marijuana tem crescido em participantes e número de iniciativas.  Por Rodrigo Rivera, activista da MGM Lisboa.