Ricardo Coelho

Ricardo Coelho

Ricardo Coelho, economista, especializado em Economia Ecológica

As políticas ambientais mais eficazes são baseadas em valores não mercantis, como a saúde humana ou a conservação de espécies. Entregar a natureza à voracidade do mercado é garantir a sua devastação.

A Mata do Bussaco, um museu natural ao ar livre sem par na Europa, reúne as condições para ser um polo de turismo, lazer e educação ambiental. A Câmara da Mealhada é culpada de a ter deixado em coma, o governo de Passos e Portas é culpado de ter dado um golpe potencialmente fatal.

Apesar de a percentagem da população que apoia a ideia de deixar o petróleo do Parque Yasuni no subsolo ter vindo a aumentar continuamente, atingindo mais de 90% no último estudo de opinião, o governo do Equador virou as costas à população.

Se queremos ter um planeta habitável – e não há nenhum motivo para não o querermos – teremos de abandonar a extração e queima de combustíveis fósseis o mais rapidamente possível.

Uma vez retirada a máscara ao fantasma da austeridade, sobra apenas uma União Europeia entregue a teorias económicas invalidadas pela prática.

A estupidez sem limites da troika leva-nos a uma situação em que temos de escolher entre ficar numa zona euro, com regras de funcionamento claramente desfavoráveis para metade dos países cobertos, e sair da moeda única, com tudo o que isso implica para perda de poder de compra e de confiança nas instituições políticas e no sistema bancário.

Está na hora de inverter a tendência neoliberalizadora e baixar progressivamente mas rapidamente os preços dos transportes públicos. O custo de não o fazermos não é apenas elevado, é mesmo insuportável.

Há empresas que nada pagam a quem trabalha e vendem os seus produtos a um preço elevado. Não, não estou a referir-me a empresas que usam trabalho forçado. Estou a referir-me às editoras académicas.

Matar cães que atacaram pessoas, depois de todos os males estarem feitos, nada faz pela segurança dos humanos.

Será a proteção do ambiente em que vivemos, do qual depende a nossa qualidade de vida, um luxo impróprio de um país que pretende recuperar de uma crise económica? Este governo acha que sim, como acha o mesmo dos direitos do trabalho, das liberdades democráticas e da dignidade do país.