Miguel Guedes

Miguel Guedes

Músico e jurista. Escreve com a grafia anterior ao acordo ortográfico de 1990.

É na luta pela liberdade, sobretudo pela liberdade de não acreditar nem aceitar, que reside a fé nos homens. Mahsa Amini não morreu para isso, nem há mártires desejados. Mas as mulheres iranianas têm agora um rosto e a luta delas é a nossa.

A tradição 2.0 esperou quatro anos e meio para voltar a receber aqueles que não desdenham viver de novas rotinas para velhos hábitos.

As medidas politicamente sustentadas em calmantes e economicamente temerárias com que o Governo procura responder à perda do poder de compra pela aceleração da inflação atiram uma esmola para dentro do edifício inflacionista, à espera que as pessoas se levantem e andem.

Os académicos chineses que antes eram chamados e ouvidos pelo Governo chinês sobre como replicar o sucesso económico americano, são hoje auscultados sobre como evitar os falhanços, desastres e as crises financeiras que assolaram os EUA e os seus aliados europeus.

O silêncio sepulcral que a Igreja portuguesa mantém sobre os abusos sexuais cometidos dentro da organização é perturbador. O sentimento de impunidade é uma malha tecida pela protecção que a suposta virtude lhe confere. É esta, também, a felicidade de vivermos no tempo do Papa Francisco.

Nos últimos cinco anos, o investimento do Governo na prevenção dos fogos florestais é irrisório. Mais uma demonstração de que o território é um vasto pedaço de terra desconhecido para o poder central.

Ninguém referendou a adesão à moeda única, ninguém referendou a adesão de Portugal à CEE, ninguém referendou a Constituição. Porque se obrigam, agora, a referendar um princípio dessa mesma Constituição? O objectivo é evidente.

Pela primeira vez na História do país, a Colômbia elege um presidente de Esquerda, Gustavo Petro. E o sinal pode ser farol: "Estamos a escrever História neste momento, uma História nova para a Colômbia, para a América Latina e para o Mundo".

Com o caos nas urgências de obstetrícia, o número de portugueses sem médico de família a quase duplicar desde 2016, com a gratuitidade e acesso à IVG a ser uma miragem num terço dos hospitais públicos e um drama em tantos outros, este é o momento de salvar o SNS.

Se há momento evidente em que os números de infecções com covid não só não são exactos, como estão muitíssimo abaixo da realidade, é este.