Luís Monteiro

Luís Monteiro

Museólogo. Investigador no Centro de Estudos Transdisciplinares “Cultura, Espaço e Memória”, Universidade do Porto

Javier Milei decidiu encerrar o Centro Cultural Haroldo Conti onde se preservava a memória da ditadura militar da Argentina (1976-1983). As feridas abertas de um passado difícil como este estão a ser novamente expostas pela nova extrema-direita que governa o país desde dezembro de 2023.

Viver na corda bamba parece ser a sina desta profissão, composta por centenas de milhar de jovens que, nas últimas duas décadas, sonharam com um futuro quase impossível nas áreas do conhecimento científico e da inovação tecnológica no seu país.

Jorge Carvalho “Pisco” recebeu esta semana a medalha da cidade do Porto, na cerimónia anual da Câmara Municipal do Porto. A autarquia decidiu homenagear o resistente pelo seu passado de luta contra o fascismo. Preso por várias vezes na sede da PIDE/DGS, na Rua do Heroísmo, é hoje uma das figuras da resistência antifascista da região do Porto.

A transformação da agência noticiosa argentina numa empresa de publicidade argentina é um alarme para a liberdade de imprensa em todo o mundo.

É preciso dizer que falta um museu, há tanto reivindicado, há tanto esperado. Trata-se do Museu da Resistência e da Liberdade no Porto. Ainda vamos a tempo de garantir que o único edifício da PIDE ainda nas mãos do Estado se transforma num espaço de memória antifascista.

Na semana passada, várias faculdades portuguesas foram ocupadas por estudantes. A causa palestiniana inundou a academia. A agitação social dos últimos dias está aí (e recomenda-se), apesar de um silêncio ensurdecedor por parte dos órgãos das universidades e de muitos dos comentadores da nossa praça.

A política mudou e, com isso, a forma de a fazer. A habilidade para formar avenidas nos atuais becos sem saída dependerá de uma geração antifascista 2.0. Novas sínteses para avermelhar programas socialmente mais amplos.

A plataforma de discussão Universidade Comum quer aproveitar este momento político para lançar um desafio à próxima legislatura.

50 anos após o fim da Ditadura, os desafios da sociedade portuguesa são imensos. Mas há um pilar que, quanto mais deteriorado for, mais difícil se torna imaginar um projeto coletivo para o futuro. Igualdade perante a lei.

Na Universidade do Porto, premeia-se com 2000€ estudantes que apresentem a sua tese em 3 minutos. Mas também se premeia quem a terminar. O prémio, nesse caso, são 500€ de taxa que o estudante é obrigado a pagar para a poder defender.