José Manuel Pureza

José Manuel Pureza

Professor Universitário. Dirigente do Bloco de Esquerda

O Conselho Europeu deixou duas mensagens claras, ambas erradas e ambas sombrias para as economias e as sociedades da Europa.

Um país, dois sistemas - eis o horizonte enunciado para o país por este “governo de guerra”. Um sistema para ricos, outro para pobres. Um com almofadas, outro sem.

Toda a indignação é legítima. Não pela frivolidade e pela leviandade interessada irresponsável das agências de rating, mas contra as opções de política de empobrecimento que lhes serve de pasto.

Passos Coelho pôs o país a falar do novo imposto sobre o subsídio de Natal e, com isso, conseguiu um quase silêncio sobre um programa de governo que é, no seu todo, de uma violência inaudita.

A máscara dos banqueiros, desde logo. Com o à vontade de quem se sabia credor da vénia e da cumplicidade do poder político, deram um golpe de estado palaciano que, ao cortar o crédito ao Estado, impõe a todos um tratamento de choque de um FMI a todo o vapor.

O anúncio ontem feito pelos quatro principais bancos portugueses, após reunião a meias com o governador do Banco de Portugal, é isso mesmo: um golpe de estado palaciano que pretende ditar, fora da democracia e contra ela, o destino do país no próximo futuro.

Ao contrário da direita e do PS, o Bloco de Esquerda não se curva diante dos promotores da precarização do trabalho e dos seus direitos.

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O Bloco vai para mais esta importante batalha política certo de que enquanto PS e PSD se revezarem no poder ou se se unirem em “grande coligação” a saga sem fim do austeritarismo será lei.

Em nome das gerações sacrificadas. Assim apresentou o Bloco a moção de censura que marcou esta semana parlamentar. Censuramos uma política injusta e irracional que empobrece o país e o arrasta para uma espiral de recessão.

Não há inevitabilidades em política. Não aceitamos estar condenados à inevitabilidade do consenso recessivo que anima PS e PSD.