No dia em que Julian Assange completa seis meses de prisão domiciliar, sem estar acusado de rigorosamente nada, a WikiLeaks denunciou que o fundador da organização está a ser vigiado por três câmaras que foram instaladas nas imediações da casa onde vive. As câmaras, porém, não fazem parte dos controlos decretados por um tribunal britânico – a necessidade de assinar um livro de presença diário na esquadra de polícia mais próxima e de usar uma pulseira electrónica no tornozelo, que permite à polícia sempre saber onde Assange se encontra.
Para assinalar estes seis meses, em que Assange tenta invalidar a ordem de extradição para a Suécia, a WikiLeaks divulgou um vídeo, “Prisão Domiciliar”, onde retrata o dia-a-dia de Assange e ouve membros da organização e o anfitrião de Assange, Vaughan Smith, proprietário de Ellingham Hall, a casa onde Assange vive.
“Creio que [Assange] está a ser submetido a um regime bastante invasivo”, diz Vaughan Smith no vídeo. “Tem essas pulseiras que não pode tirar, sabe que podem seguir-lhe a pista, que está numa espécie de cela electrónica”, acrescenta, e sublinha: “Há três caixas [com dispositivos electrónicos] na minha casa, creio que é para dizer se Julian está em casa ou não”.
Sarah Harrison, da WikiLeaks, mostra as câmaras no exterior e sublinha que podem gravar até as matrículas dos carros que ali passam. “Cremos que está a ser vigiado tudo o que entra e sai da propriedade”, diz.
Daniel Hamilton, director do grupo defensor das liberdades civis Big Brother Watch,considera que as câmaras deveriam ser retiradas e recorda que Assange de nada foi acusado. E acrescenta: “A Polícia e o Ministério do Interior deviam deixar claro e inequívoco que este tipo de vigilância não será tolerado no Reino Unido”.
House Arrest from Winston Burrows on Vimeo.