Trapalhada nas escolas provocada por erro primário de matemática

15 de setembro 2014 - 10:04

Associação Nacional de Professores Contratados diz que os docentes que concorreram à Bolsa de Contratação de Escola foram colocados com base numa ordenação incorreta provocada por um erro na fórmula matemática que o MEC aplicou. Professores mais experientes, com as melhores notas de conclusão de curso são atirados para o fundo das listas. Protestos esta segunda-feira às 15 horas.

PARTILHAR
Crato acusado de não saber desenvolver uma simples fórmula matemática

Os professores contratados (precários) já tinham contestado os critérios usados na ordenação das listas na Bolsa de Contratação de Escola, para a qual concorreram na esperança de conseguir obter um dos 3473 horários que ainda não estão preenchidos no dia em que as aulas começam. O motivo era a graduação profissional ter um peso de apenas 50% no resultado final, sendo os outros 50% determinados pela “avaliação curricular”, isto é, a adequação aos critérios determinados pelos diretores da escolas.

Divulgadas as listas, na última sexta-feira, verificaram-se discrepâncias absurdas, com professores mais experientes, com melhores notas de conclusão de curso e anos de serviço sendo atirados para o fim das listas.

A graduação profissional é determinada pela nota de curso, pelo número de anos de serviço e pela avaliação. Divulgadas as listas, na última sexta-feira, verificaram-se discrepâncias absurdas, com professores mais experientes, com melhores notas de conclusão de curso e anos de serviço sendo atirados para o fim das listas.

Os resultados foram foi de tal forma absurdos, que os docentes desconfiaram que as discrepâncias não podiam ser explicadas apenas pelo facto de a graduação profissional ter passado a valer metade. “O valor de 50 por cento dado à avaliação curricular não explica a discrepância de centenas ou mesmo milhares de lugares na lista”, afirmou César Israel Paulo, da Associação Nacional de Professores Contratados (ANPV), ao Público.

Erro primário de matemática

A conclusão a que a ANPV chegou, depois de analisar exaustivamente as listas, é que é a própria fórmula que o MEC usou que está errada. “O MEC terá ignorado que a graduação profissional é um valor de base 20 [numa escala de números absolutos, e não uma percentagem] e somou 50% desse valor com 50% da percentagem obtida na resposta aos subcritérios relativos à avaliação curricular sem converter uma das grandezas”, afirma César Israel Paulo.

“O ministro Nuno Crato, conhecido pelo discurso do rigor e da excelência, não é capaz de desenvolver uma simples fórmula matemática. 

Por outras palavras, o MEC pretendeu fazer uma média aritmética entre duas grandezas que estão expressas em escalas diferentes, sem se preocupar em torná-las equivalentes. O resultado deste erro primário de matemática foi que as notas de conclusão dos cursos dos docentes e a sua experiência profissional foram desvalorizadas para 1/5 do que deveriam valer na classificação dos candidatos.

“O ministro Nuno Crato, conhecido pelo discurso do rigor e da excelência, não é capaz de desenvolver uma simples fórmula matemática. Em consequência da sua inépcia política e técnica lançou o absoluto caos na vida de milhares de portugueses, professores e seus familiares, alunos e encarregados de educação”, acusa um professor numa das muitas mensagens que estão a cruzar as redes sociais.

[caption align="left"]"Meet" de professores em protesto[/caption]

Protestos esta segunda-feira

Para esta segunda-feira, às 15 horas, estão convocados protestos às 15 horas em frente ao MEC, em Lisboa, e frente à DREN, no Porto, e à DREC, em Coimbra. Os professores exigem a anulação desta Bolsa de Contratação de Escola porque “ao invés de tornar o processo de contratação de professores mais célere e transparente, lançou o caos”.