“Depois da confusão criada com os resultados dos concursos de Contratação Interna já não acreditava que a situação se pudesse tornar mais caótica, mas tornou”, lamentou César Israel Paulo, da Associação Nacional dos Professores Contratados (ANVPC), em declarações ao Público. De facto, o resultado da ordenação dos professores na Bolsa de Contratação de Escola, que substitui as anteriores ofertas de escola, foi para muitos uma surpresa.
“Conhecidas as listas, verifica-se que a desvalorização da graduação profissional dos docentes - que passou a ter um peso de apenas 50% - levou a profundas alterações relativamente às listas graduadas nacionais, com professores a descerem muitas centenas de lugares e outros, naturalmente, a ultrapassarem os seus colegas, o que está a constituir motivo de grande protesto dos professores”, diz o Secretariado da Fenprof no comunicado em que volta a pedir a demissão de Nuno Crato como um “ato de sensatez”.
A Fenprof lamenta que o ministro não tenha ouvido os sindicatos sobre os “erros e ilegalidades” nas colocações e diz que viu confirmadas “as potenciais injustiças e ultrapassagens” nestas bolsas de contratação de escolas. A organização sindical continua a defender que “sendo verdade que não há critérios perfeitos, a graduação profissional é, de todos, o menos imperfeito”, pelo que “só o concurso nacional garante equidade e justiça nas colocações, sendo também a opção mais célere para a colocação de professores nas escolas”.
Com a desvalorização da graduação profissional, que passa a ter apenas 50% do peso da classificação final, as diferenças em relação às listas nacionais foram enormes. “Há casos estranhíssimos, como o de uma professora que está em 5.º lugar a nível nacional e que na bolsa de uma determinada escola foi ultrapassada por uma colega que está em 405.º”, exemplificou o líder da ANVPC.
Nas redes sociais, os professores também têm deixado bem expressa a sua indignação e começam a lançar-se suspeitas sobre a possibilidade de haver conhecimento antecipado dos critérios pretendidos por determinadas escolas, favorecendo assim professores sem experiência e com notas baixas, em detrimento de outros com maior experiência e média final de curso mais alta.
Um grupo de professores marcou um “meet no MEC” esta segunda-feira às 15h para protestar em frente ao Ministério a Educação contra “o caos que Nuno Crato lançou no processo de colocação de professores”.