O site de notícias Breitbart News, considerada a principal fonte de notícias "pós-factuais" da extrema-direita de Donald Trump, dedicou-se ontem a impulsionar o movimento M5S de Beppe Grillo e a Liga Norte contra o Partido Democrático (PD) e o novo primeiro-ministro italiano Paolo Gentiloni.
A notícia descreve o processo de transição após a demissão de Matteo Renzi como um "jogo político de cadeiras musicais" e destaca a posição conjunta do M5S e da Liga Norte contra o "nepotismo" do PD, com declarações do líder do M5S Luigi Di Maio a declarar o novo governo como um "inimigo da meritocracia" e "inimigo de cidadãos honestos".
Steve Bannon, ex-presidente da Breitbart News, diretor da campanha da campanha de Donal Trump e recém nomeado conselheiro especial do próximo Presidente dos EUA, é claro sobre o papel da Breitbart como "plataforma da alt-right". Foi Steve Bannon que colocou Trump em contacto com políticos de extrema-direita europeus, recebendo Nigel Farage na semana seguinte à sua vitória nas eleições presidenciais, e declarando depois o apoio da Breitbart News a Marine Le Pen. Agora, assume também o M5S e a Liga Norte.
It was a great honour to spend time with @realDonaldTrump. He was relaxed and full of good ideas. I'm confident he will be a good President. pic.twitter.com/kx8cGRHYPQ
— Nigel Farage (@Nigel_Farage) November 12, 2016
Declarando o M5S como o principal beneficiário da derrota de Matteo Renzi no referendo de dia 4 de dezembro, termina a notícia com referência à análise política de um think tank europeu, o Open Europe.
Segundo a Economist, este grupo que se declara "não partidário" e que "oferece uma análise independente e intelectual" da relação entre o Reino Unido e a União Europeia, foi um dos principais meios de produção de informação tendencialmente conservadora usada pela comunicação social britânica de forma acrítica como fonte fidedigna.
O Open Europe assemelha-se assim ao último projeto de Andrew Breitbart, o Government Accountability Institute (GAI), criado em 2012, que, por detrás de uma imagem independente de combate pela transparência (a missão do GAI é descrita como "investigar e expor o capitalismo nepotista, a utilização errada de dinheiro proveniente de impostos, e a corrupção governmental") investe milhões na investigação politicamente direccionada contra políticos liberais nos EUA, investigações que poucos jornais têm hoje capacidade para acompanhar ou ter uma visão crítica.