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Ricardo Salgado e Morais Pires utilizaram dinheiro dos clientes do BES para financiar GES

O Expresso Diário refere que Salgado e o seu braço direito Amílcar Morais Pires estão implicados nesta “engenharia financeira” que envolve a Eurofin, uma holding suíça que está a ser investigada há largos meses. Já o Jornal da Negócios adianta que o BES financiou vários grupos empresariais na condição de investirem no GES. Troika e Banco de Portugal desresponsabilizam-se por crise no grupo. Notícia atualizada às 13h41.
Foto de António Cotrim, Lusa.

Na segunda feira, o Expresso Diário adiantava que quadros superiores do BES terão montado um esquema para financiar o Grupo Espírito Santo (GES) com dinheiro de clientes do banco. Esta terça feira, o jornal esclarece que a direção financeira do banco, sob alçada direta de Amílcar Morais Pires, braço direito de Ricardo Salgado, é responsável pelo “engenharia financeira” que visava a colocação de obrigações junto de clientes que, indiretamente, e através da Eurofin Holding, financiaram o GES.

O esquema, que viola diretamente as instruções do Banco de Portugal e poderá ter implicações criminais, agravou a exposição de clientes do BES - que desconheciam estas operações - ao GES, e levou ao aumento dos prejuízos no primeiro semestre do banco.

A Eurofin Holding, com sede em Lausanne, na Suíça, que está sob investigação há largos meses, terá financiado, segundo avança o Expresso, a Espírito Santo International até ao início deste ano.

A diretora do departamento de mercados financeiros do BES, Isabel Almeida, que chegou a ser proposta como administradora do banco pela família Espírito Santo, quando ainda era avançado o nome de Morais Pires para presidente executivo, já foi confrontada pela comissão executiva desta instituição bancária sobre a “engenharia financeira” que envolve a Eurofin.

BES financiou vários grupos empresariais na condição de investirem no GES

Esta quarta feira, o Jornal de Negócios noticia, entretanto, que o BES financiou vários grupos empresariais seus clientes com a condição de estes contraírem novos empréstimos para investirem em papel comercial e ações da Espírito Santo Internacional (ESI).

O esquema permitia ao BES financiar a ESI, em algumas centenas de milhões de euros, sem ter de o assumir publicamente.

Segundo avança o Negócios, alguns casos remontam a 2009 e 2010, altura em que a banca começou a impor restrições aos créditos.

A par dos investimentos por parte dos grupos empresariais, o jornal refere que vários clientes aplicaram os seus próprios recursos em dívida da ESI, Rioforte e Espírito Santo Financial Group.

Às aplicações de 917 milhões de euros no GES por parte de investidores de retalho somam-se ainda os 1480 milhões investidos diretamente pelo BES no grupo.

Tendo também em conta a “engenharia financeira” denunciada pelo Expresso Diário, e podendo as perdas nas holdings do Grupo Espírito Santo aproximar-se dos 70%, se todo o valor for provisionado nas contas semestrais do BES, o prejuízo do banco ascenderá a três mil milhões de euros.

Troika e Banco de Portugal desresponsabilizam-se por crise no GES

Questionados pelo Jornal de Negócios sobre a sua responsabilidade na situação vivida pelo GES, o FMI e a Comissão Europeia afirmaram que não tinham mandato nem poderes nessa matéria e que a responsabilidade é do respetivo regulador - o Banco de Portugal.

“O Banco de Portugal é responsável pela supervisão prudencial dos bancos que fazem parte da jurisdição. A troika não tinha o mandato nem a capacidade para levar a cabo essa atividade durante o programa e não era responsável pela supervisão dos bancos”, frisaram os credores internacionais.

O Banco de Portugal, por sua vez, adiantou que “as entidades do ramo não financeiro do Grupo Espírito Santo não se encontram sujeitas” à sua supervisão.

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