Eram cerca de vinte e invadiram o depoimento à porta fechada no Comité de Inteligência da Câmara dos Estados Unidos, no âmbito do inquérito de destituição que decorre contra a presidência de Donald Trump.
“Deixem-nos entrar”, gritavam os legisladores do Partido Republicano quando entraram à força na sala exigindo autorização para assistir ao depoimento de Laura Cooper, funcionária do Pentágono que trabalha nas relações com a Ucrânia.
A invasão interrompeu temporariamente o processo de audição enquanto os republicanos publicavam tweets sobre o que se estava a passar, algo que geralmente não é permitido em áreas classificadas.
Os comités do Congresso dos EUA envolvidos no processo de destituição já incluem congressistas do Partido Republicano, embora nenhum dos envolvidos na invasão faça parte destes. A argumentação destes congressistas prendia-se com questões técnicas, questionando o carácter privado destas audições e exigindo acesso ao testemunho na íntegra .
“Esta é uma manobra que vem responder à queixa do Presidente que disse que não estavam a defendê-lo o suficiente e é uma resposta direta ao testemunho devastador feito ontem pelo Embaixador Taylor”, disse David Cicilline, congressista pelo Partido Democrata, ao Guardian.
Taylor é William Taylor, embaixador interino dos EUA em Kiev, na Ucrânia. Em quase dez horas de depoimento, William Taylor acusou Donald Trump de estar diretamente relacionado na pressão feita pela Casa Branca sob a Ucrânia com o objetivo de prejudicar o Partido Democrata.
O diplomata foi para Kiev em substituição da embaixadora Marie Iovanovitch. Esta também já foi ouvida no âmbito do processo de destituição e afirmou que foi afastada do cargo por pressão de Rudolph Giuliani, advogado de Donald Trump e membro do Partido Republicano.
O diplomata afirma ter compreendido em pouco tempo que “a reunião que o Presidente Zelenskii desejava ter [com Trump] estava dependente da abertura de investigações à empresa Burisma e à alegada interferência ucraniana nas eleições de 2016 nos EUA”, tendo ainda afirmado que para ele era notório que essa imposição estava a ser liderada por Rudolph Giuliani.
Segundo o embaixador, Trump reteve ajuda financeira a militares ucranianos de modo a pressionar o governo de Kiev a investigar Hunter Biden, filho de Joe Biden. Segundo Taylor, Trump pediu que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, declarasse publicamente a abertura de investigações contra Hunter, em troca da disponibilização dessas verbas.