Puigdemont: “O Governo tomou a pior decisão desde Franco”

21 de outubro 2017 - 21:44

“Pedirei ao Parlamento uma sessão plenária para debater a intenção de liquidar a nossa democracia”, declarou Carles Puigdemont, em resposta ao anúncio do Primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, de suspensão da autonomia da Catalunha e destituição do atual governo da Generalitat.

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Foto de Quique Garcia, EPA/Lusa.
Foto de Quique Garcia, EPA/Lusa.

Na declaração proferida esta noite, dia 21 de Outubro, respondendo ao anúncio de Rajoy, de suspensão da autonomia da Catalunha e destituição do atual governo da Generalitat, Carles Puigdemont afirmou que “Não podemos aceitar este ataque, a humilhação e a liquidação da democracia”, cita o El Diario.

É assim que o Presidente da Catalunha interpreta a aplicação do artigo 155.º da Constituição espanhola. Segundo Puigdemont, a sua implementação implica que Rajoy se tornará no “tutor de toda a vida pública na Catalunha, desde o Governo aos meios de comunicação”, algo que considera “incompatível cum uma atitude democrática”.

Para Puigdemont, a decisão de Madrid retoma os tempos idos do fascismo: “O Governo tomou a pior decisão desde Franco”, acusou, referindo que o governo de Madrid está a “menosprezar a vontade popular”.

O presidente da Generalitat disse que todas as “tentativas de diálogo” com o governo central tiveram “a mesma resposta”: “silêncio ou repressão”. “O que os catalães decidem nas urnas, o Governo anula em despachos”, acusou ainda.

De seguida, falando em inglês, Puigdemont dirigiu uma mensagem à Europa, afirmando que “decidir o futuro de uma nação não é um crime”, garantindo que o que está a acontecer na Catalunha também põe em causa o resto da Europa, e reiterando que só pretende uma “Europa democrática e pacífica, com direitos fundamentais”. “Continuaremos a lutar”, assegurou.

Por fim, Puigdemont anunciou que irá pedir ao Parlamento catalão uma sessão plenária para debater o que está a acontecer na Catalunha: “Pedirei ao Parlamento uma sessão plenária para debater a intenção de liquidar a nossa democracia”, disse.

“Aquilo que temos, ganhámos com a força da nossa gente e da democracia”, argumentou ainda o líder catalão, sublinhando que a Catalunha não pode aceitar tal ataque por parte do governo central: “Não é a primeira vez que as instituições catalãs são alvo de um golpe de estado espanhol”.

A intervenção de Puigdemont seguiu a mesma linha que a de Carme Forcadell, momentos antes. A Presidente do Parlamento catalão, cujas competências também serão limitadas com a suspensão da autonomia da Catalunha, afirmou que “Não vamos permitir que deixemos de ser um parlamento democrático”.