O fim dos vistos gold voltou à agenda dos debates parlamentares, mas o PS e a direita uniram-se em sua defesa, chumbando as propostas apresentadas pelo Bloco, PCP e PAN. A proposta tinha sido uma das três entregues pelo Bloco de Esquerda no primeiro dia da legislatura, a par da despenalização da morte assistida e a do regresso dos debates quinzenais com o primeiro-ministro.
Na sua intervenção, o líder parlamentar bloquista afirmou que já ninguém tem dúvidas sobre a finalidade deste regime cujos principais beneficiários em Portugal são pessoas originárias da China, Rússia e Angola, "regimes autoritários que têm elites criadas pelo saque dos recursos naturais, pelo ataque aos direitos e liberdades dos seus povos".
E são estas elites "corruptas e parasitárias que acabam por ter a possibilidade de vir à Europa, em troca de uma compra imobiliária, lavar a sua imagem e sobretudo lavar o seu dinheiro", prosseguiu Pedro Filipe Soares.
Para o Bloco de Esquerda, "é inaceitável que a Europa e Portugal se prestem a este papel" e por isso defende que o fim deste "imoral regime de vistos gold" é uma "medida de justiça, de dignidade do nosso país".
Por outro lado, sublinhou Pedro Filipe Soares, "há muitos vistos gold para cidadãos russos e esta guerra mostrou-nos que há oligarcas com presença em Portugal e que provavelmente até estão na lista dos vistos gold que o Governo esconde".
"O Governo diz-nos que não há oligarcas russos, mas não há transparência para podermos validar essa informação", acrescentou o líder parlamentar bloquista, recordando que "há dirigentes dos governos portugueses, do PS e da direita, mesmo da Iniciativa Liberal, que até depois da Rússia ter andado a invadir a Ucrânia [com a anexação da Crimeia] andaram a promover os vistos gold no espaço de influência desses oligarcas".