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Procuradora-geral de Nova Iorque coloca ação para dissolver a Associação Nacional de Armas

Os líderes do poderoso lóbi pró-armas norte-americano são acusados de desvio de fundos. A NRA promove o uso e venda de armas e apoia Trump.
Projeção de luzes contra o NRA na sua convenção nacional em 2018. Foto de Backbone Campaign/Flickr.
Projeção de luzes contra o NRA na sua convenção nacional em 2018. Foto de Backbone Campaign/Flickr.

Letitia James, Procuradora-geral do Estado de Nova Iorque, apresentou esta quinta-feira uma queixa no tribunal Estadual em Manhattan, contra a National Rifle Association, o poderoso lóbi pró-armas que apoia o presidente norte-americano.

Os líderes da maior organização dos EUA que promove o uso e venda de armas são acusados de desvio de milhões de dólares, de gastos inapropriados e de realizar contratos em nome da NRA com sócios seus. Por isso, pede-se a dissolução da organização.

Na sequência de uma investigação que durou ano e meio, James declarou que ficou “claro que a NRA tem falhado em cumprir a sua missão declarada durante muitos, muitos anos e, em vez disso, tem operado como um canteiro de ganância, abuso e ilegalidade descarada”. Tendo ainda acrescentado: “Basta. Precisamos intervir e dissolver esta empresa” porque “ninguém está acima da lei, nem mesmo a NRA, uma das mais poderosas organizações deste país”.

Ao mesmo tempo, o Procurador-geral de Washington D.C., Karl Racine, acusou, depois de uma investigação que durou mais de um ano, os líderes da NRA Foundation, uma organização não governamental do mesmo grupo que supostamente se dedica a criar programas de sensibilização para uso “seguro” das armas, de desvio de fundos que serviriam para pagar os gastos sumptuosos dos seus dirigentes. A NRA Foundation tem o estatuto de organização de caridade e, diz o procurador estas organizações funcionam como “fundos públicos”, obrigados por lei a usar os seus recursos para “beneficiar o público, não para apoiar campanhas políticas, fazer lóbi ou defender interesses privados”. Dado o défice crescente da “casa-mãe”, que em 2018 se situava nos 36 milhões de dólares, a NRA Foundation estaria a servir para passar verbas para a NRA. Racine diz que “com este processo, esperamos recuperar os fundos doados que a NRA Foundation desperdiçou”.

Wayne LaPierre, o seu líder histórico, é um dos principais acusados. Terá gasto milhões de dólares em viagens privadas de luxo, incluindo oito viagens às Bahamas em três anos, segurança pessoal, terá aceitado prendas milionárias de empresas para fazer contratos e criado para si próprio um contrato de 17 milhões de dólares caso acabasse por sair da organização. A NRA também servia para pagar cabeleiro e maquilhagem para a mulher. Juntam-se-lhe o secretário executivo e conselheiro geral, John Frazer, o antigo tesoureiro, Wilson Phillips e o ex-chefe de pessoal Joshua Powell. As prebendas terão custado cerca de 64 milhões de dólares à NRA.

A organização vive momentos de divisão interna e guerra de fações. As contas estavam já a ser colocadas em causa e a disputa sobre a sucessão de LaPierre estava em aberto. Mas uma coisa os une. Será um dos apoios da recandidatura de Donald Trump. Daí que o presidente tenha classificado a ação como uma “coisa terrível” e sugerido que a associação mudasse de sede para um estado pró-armas.

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