Palestina: greve-geral em protesto contra a visita de Mike Pence

24 de janeiro 2018 - 11:21

Nesta terça-feira, a Cisjordânia paralisou, respondendo assim ao apelo de greve-geral convocada pelo movimento Fatah e outras forças políticas palestinianas, num protesto pacífico mas vincado contra a visita, a Jerusalém, do vice-presidente dos EUA.

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 Foto de Ana Bárbara Pedrosa, em Jerusalém. 23.01.2018.
Israel aproveitou a visita de Mike Pence para reforçar a ocupação da cidade de Jerusalém com propaganda sionista. Foto de Ana Bárbara Pedrosa, em Jerusalém. 23.01.2018.

Segundo a imprensa internacional, o comércio, empresas diversas e os bancos estiveram fechados, as aulas foram suspensas em muitas escolas e universidades, e não houve transportes a funcionar. Ao mesmo tempo, realizaram-se manifestações nos centros das principais cidades.

Segundo a agência palestiniana Wafa, apenas os hospitais e alguns serviços de educação ficaram de fora da greve, então convocada para responder à visita do vice-presidente dos EUA, Mike Pence e como protesto contra decisão da administração norte-americana de reconhecer Jerusalém como capital de Israel.


A Cisjordânia paralisou, em protesto contra a visita de Mike Pence a Jerusalém. Foto de Ana Bárbara Pedrosa, em Belém, na Palestina. 23.01.2018.

Maliha Maslimani, uma ativista palestiniana, explicou ao Middle East Eye que a greve-geral desta terça-feira “é um importante instrumento de resistência” e de protesto contra a visita de Pence à Palestina. “Nós queremos dizer-lhe que não é bem-vindo à terra onde milhares de palestinianos foram desalojados, assassinados e abusados pelo governo de Israel”. Além disso, disse ainda, “o plano de paz oferecido pelos norte-americanos é falso e apenas dá legitimidade aos colonatos israelitas nas terras da Palestina”.

Durante o dia de greve, as forças militares israelitas foram reforçadas nos territórios ocupados e as estradas para Jerusalém foram cortadas, devido à visita do vice-presidente dos EUA ao Muro de Al-Buraq, no extremo ocidental da Mesquita de Al-Aqsa, na Cidade Velha de Jerusalém, também conhecido como Muro Ocidental ou Muro das Lamentações.

A presença de Pence, na praça junto ao Muro das Lamentações, foi ainda marcada por um ‘incidente diplomático’, assim apelidado pela imprensa internacional. Devidos às restrições decretadas pelos dirigentes da comunidade judaica de Jerusalém, que impendem a reunião de homens e mulheres naquela praça, as jornalistas tiveram de se sentar atrás dos seus colegas homens, separadas por uma vedação que recebeu depois o nome de #FencePence, nas redes Sociais.

Embaixada dos EUA vai mudar-se para Jerusalém no final de 2019

Mike Pence visitou primeiro o Egipto e a Jordânia, tendo chegado este domingo a Israel, para uma visita oficial, boicotada pela Autoridade Palestiniana que se recusou a reunir com o vice-presidente dos EUA.

Pence foi recebido pelos israelitas como “um grande amigo” do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, com quem reuniu, no seu gabinete em Jerusalém. Em declarações à imprensa, o vice-presidente norte-americano afirmou que era “uma honra” estar na “capital de Israel” e elogiou a “nova etapa” de esforços renovados para alcançar a paz entre israelitas e palestinianos.



Na segunda-feira, discursando no Knesset, o parlamento israelita, Pence voltou a afirmar que “Jerusalém é a capital de Israel” e reiterou a necessidade de retomar os diálogos de paz, segundo cita o periódico Haaretz. Além disso, ignorando a condenação internacional da decisão e do próprio Conselho de Segurança da ONU, anunciou ainda que administração norte-americana prevê mudar a sua embaixada de Telavive para Jerusalém já no final do próximo ano.