Diogo Vieira da Silva, o nomeado de Carlos Moedas para a coordenação do EuroPride 2025, está atualmente sob investigação pelo Ministério Público por suspeitas de desvio de dinheiro, abuso de confiança e burla.
A investigação feita pela RTP indica que as suspeitas remontam a 2023, com a emissão de recibos no valor de 1.230 euros a Vieira da Silva quando este fazia parte da direção da associação Variações. O valor justificava-se com trabalho de “consultoria”, mas o pagamento é contra os estatutos da associação.
Há também indicações de utilização do cartão bancário da associação para fins pessoais e de outros pagamentos feitos pela conta bancária da associação sem o consentimento da direção. Neste caso, há valores de 7.000 euros transferidos no contexto da produção de vídeo promocional para Diogo Vieira da Silva, que terá devolvido apenas metade. Segundo a investigação, a restante direção teria estado alheia às movimentações.
Carlos Moedas responsabilizou o vereador Diogo Moura pelo caso, procurando sacudir a culpa. Podem estar em causa os crimes de peculato e de falsificação de documentos, segundo o advogado Marinho Falcão, que participou na reportagem da RTP. A associação Variações recebe quase 350 mil euros da Turismo de Portugal.
O nome de Diogo Vieira da Silva já tinha sido contestado aquando da nomeação, por estar envolvido em várias controvérsias. Entre elas, o seu papel na instrumentalização da comunidade LGBTI+ enquanto trabalhava para a Embaixada de Israel, com efeitos de melhorar a imagem do Estado israelita em Portugal.
Dez dias antes da reportagem da RTP, a vereadora do Bloco de Esquerda em Lisboa tinha entregue um requerimento na Câmara Municipal de Lisboa para pedir explicações a Carlos Moedas sobre o processo de seleção de Diogo Vieira da Silva, bem como sobre a saída da ILGA Portugal da organização do Europride. No documento, a vereadora do Bloco de Esquerda defendeu que “a nomeação de Diogo Vieira da Silva, amplamente divulgada, suscita questões sobre a transparência do processo que culminou na escolha, uma vez que parece não ter existido consulta às principais associações a ativistas históricos do movimento LGBTI+ em Portugal”.