Direitos

No Porto protestou-se contra apagamento de direitos LGBTI+ e lutou-se por direito a existir

11 de maio 2025 - 10:08

A manifestação deste sábado pretendeu ser “um grito coletivo pela liberdade, pela dignidade e pelo apagamento na agenda política”. Porque, afirma a organização, “o direito a existir, em toda a nossa diversidade de corpos, afetos, histórias e resistências, é inegociável”.

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Manifestação Direito a existir, dever de resistir no Porto
Manifestação Direito a existir, dever de resistir no Porto. Foto de Fernando Veludo/Lusa.

Este sábado à tarde decorreu no Porto a manifestação “Direito a existir, dever de resistir”. O encontro estava marcado para a Praça do Marquês e depois o desfile seguiu pela baixa até à Avenida dos Aliados com palavras de ordem e cartazes sobre as questões LGBTI+ e a exigir “liberdade a sério” mas também outros sobre a saúde que “é um direito e não um negócio”, a habitação e a causa palestiniana, num encontro que se queria interseccional.

As reivindicações apresentadas eram várias, começando pela intenção de chamar a atenção para os problemas da comunidade LGBTI+ num momento de campanha eleitoral.

Filipe Gaspar, da Marcha do Orgulho LGBTI+, fala num “retrocesso” que “está a acontecer já com este Governo”, exemplificando com a retirada das escolas do manual para a identidade de género e para a diversidade. À agência Lusa, somou outros exemplos como “tentativas de tornar inconstitucional a criminalização das terapias de conversão” e “um aumento enorme do discurso de ódio”.

De acordo com ele, “parece que estão a tentar encontrar culpados e culpadas para esta crise, como se fossem as pessoas queer, ou as pessoas mais fragilizadas, no caso das pessoas migrantes”. Este discurso de ódio quer “desumanizar uma parte da população”.

As mesmas preocupações encontravam-se já vertidas no texto de convocatória do ato, promovido pela Marcha do Orgulho LGBTI+ do Porto em articulação com o Movimento Abril. Neste se podia ler que “os nossos direitos não deviam estar em risco a cada eleição”, também se vincavam os “graves retrocessos nos direitos humanos, em que a agenda queer, feminista, antirracista e em defesa da população migrante é invisibilizada e atacada” e se deixava uma certeza “não nos calaremos”.

A manifestação era assim vista como “um grito coletivo pela liberdade, pela dignidade e pelo apagamento na agenda política. Porque o direito a existir, em toda a nossa diversidade de corpos, afetos, histórias e resistências, é inegociável. Porque resistir é um dever de todas as pessoas que sonham e constroem um mundo livre de opressões”.

No plano das reivindicações, para além da reposição daquele manual, explicou Filipe Gaspar, exigiam-se melhores condições no acesso ao Serviço Nacional de Saúde face aos “muitos atrasos no que toca às questões das consultas de identidade de género”, a “criação de centros comunitários, que permitam o encontro destas populações, mas também [onde se possa] produzir cultura, um espaço de debate das ideias da comunidade”.

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