Mariana Mortágua visitou na manhã deste sábado a localidade de Barco (Covilhã), na zona da Serra da Argemela, região para onde está prevista a construção de uma mina de lítio a céu aberto. Aí, foi ao encontro do “grito de revolta de uma população que se viu desrespeitada” e que se opõe à mina “a pouca distância das suas casas”.
A coordenadora bloquista diz que esta mina vai contra o discurso oficial sobre o interior porque “é impossível dizer que o interior deve ser povoado, que temos que recuperar o interior e o meio ambiente e ao mesmo tempo querer esburacar território protegido”, vincando que este para além de património ambiental é também “património das pessoas que aqui vivem”, sendo o projeto assim “de desrespeito pelas populações e de desrespeito ambiental”.
Por outro lado, sublinhou que o nosso país tem apenas 0,3% das reservas de lítio a nível mundial e que “há três países que têm mais de 80% dessas reservas e elas estão localizadas em desertos, onde a sua exploração tem muito menos impactos ambientais”. Desta forma, “não faz nenhum sentido sem sequer garantias de reservas de nestas localidades que se destrua a vida destas pessoas sem qualquer contrapartida”.
A dirigente partidária diz que se propõe instalar a exploração do lítio “praticamente” dentro de casa das pessoas e que o projeto não foi capaz de convencer nem autarquias nem populações “de que traz algum benefício”.
O Bloco realça que sempre se opôs “a este plano” e que acompanha estas populações “há anos”, que no Parlamento conseguiu que a lei das minas “incluísse medidas de proteção das populações” mas que “tudo aquilo que existe na lei que continua a permitir esta mineração ao céu aberto, não só na Argemela, mas em vários outros pontos do país, foi conseguido por uma aliança entre o Partido Socialista e a direita”.
A conclusão é, assim, que “não faz qualquer sentido económico, ambiental ou do ponto de vista da saúde pública que se abra uma mina a céu aberto na Argemela” e o compromisso do partido é “sarar a cicatriz que a maioria absoluta deixou em várias áreas”, sendo este caso uma delas. A “arrogância” da maioria absoluta “passou por cima de leis, de estudos de impacto ambiental, para impor a esta população uma mina de lítio vai contra os seus interesses” e o Bloco quer, pelo contrário, um modelo de desenvolvimento e modelo económico para o país que respeita as pessoas e que respeita o ambiente. Por isso, se opõe também aos PIN, projetos de interesse público, “que mais não têm dado do que ataques sistemáticos ao ambiente, com resortes de luxo, com explorações de minérios a céu aberto, com projetos de desenvolvimento que não respeitam as populações e o meio ambiente.”