Num requerimento apresentado por Mariana Mortágua ao presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a venda e resolução do Banif, o Bloco de Esquerda solicitou informação sobre empresas que avaliaram ou compraram ativos ao Banif e Oitante, desde o início da ajuda pública.
O requerimento surge na sequência do anúncio da contratação de Maria Luís Albuquerque pela empresa Arrow Global, líder da compra de crédito malparado em Portugal. A empresa, ao anunciar a contratação da ex-ministra das Finanças, sublinhou a "experiência rica" que trará à empresa enquanto deputada no parlamento português.
Num documento classificado como "confidencial" mas disponível na internet, a empresa revelou gerir 5.5 mil milhões de euros e ter como clientes em Portugal os bancos Santander, Banif, Millennium BCP, Banco Popular, Montepio, Finibanco, Crédito Agrícola, Cofidis, entre outras empresas de renome do setor financeiro.
Reagindo à notícia da contratação de Maria Luís Albuquerque, Catarina Martins afirmou que é “inaceitável”. “Não há palavras para descrever uma situação desta”, resumiu a porta-voz bloquista: “Maria Luís Albuquerque acaba de ser contratada por uma empresa que lucra com o crédito malparado dos bancos nacionais”.
“Trata-se de uma empresa que, enquanto o sistema financeiro era tutelado por Maria Luís Albuquerque, fez dinheiro comprando crédito malparado ao Banif. A Arrow Global é também dona de empresas portuguesas, como a Whitestar, que é a empresa que neste momento avalia os ativos do Banif que o Santander não quis e que estão no Estado”, revelou Catarina Martins.
A porta-voz do Bloco diz que a ex-ministra “foi trabalhar para a empresa que lucrou com o que fez no Banif, ao arrastar a situação, e que neste momento tem a faca e o queijo na mão para continuar a lucrar com a forma como forem geridos os ativos que ainda estão na mão do Estado”.