O “Manifesto em solidariedade com os sete anos de luta na região do Barroso” - aberto à subscrição aqui - já juntou cerca de 115 associações e 850 cidadãos em nome individual em apoio da “resistência das populações locais contra a falsa transição verde e o extrativismo liberal”. Insurgem-se contra o projeto da Savannah Resources, “uma empresa que nunca extraiu um mineral que fosse do chão da nossa terra – aqui e em qualquer lugar do Planeta – e sem qualquer experiência em mineração”, que acusam de poder vir a acabar “com um dos territórios europeus com maior biodiversidade, fruto da relação harmónica e ancestral entre os seus habitantes e os recursos naturais”.
Os signatários denunciam também “os interesses opacos do mercantilismo extrativista” por parte de “uma multinacional que nunca produziu nem um tostão furado nem extraiu um torrão de terra” e que já ganhou “milhões à custa da angústia, da incerteza e das ameaças às nossas avós, apenas por estar no Alternative Investment Market da Bolsa de Londres”.
Lutas
Covas do Barroso: “O interesse público é defender quem se mobiliza contra o lítio”
Em relação ao despacho da secretária de Estado da Energia, Maria João Pereira, que autoriza a constituição de servidão administrativa, permitindo à empresa aceder a terrenos privados para a prospeção de lítio, os signatários do manifesto falam de “uma decisão anti-democrática que nos coloca em legítima defesa” e que foi tomada “contra a vontade das organizações colectivas (Juntas de compartes) que gerem os baldios e dos particulares/privados, que veem assim as suas terras invadidas”.
“Aqueles que amam demasiado as coisas e não o bastante os seres viventes, aqueles que só amam os outros seres se os objetivarem e os tornarem coisas, se os escravizarem ou aniquilarem, não podem passar”, avisam os signatários, invocando um estudo do geólogo Steven Emerman, da Universidade estadunidense de Princeton que alerta para o risco de “falha catastrófica na barragem de rejeitados proposta pela empresa promotora”.
Entre os subscritores coletivos estão a Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza, Associação Portuguesa de Antropologia (APA), - Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA), a associação de defesa do ambiente Campo Aberto, Ambiente em Zonas Uraníferas (AZU) e a ÍRIS - Associação Nacional de Ambiente.