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Jornalista detido ao visitar presos políticos em Angola

O correspondente da Deutsche Welle África e quatro ativistas estiveram detidos nove horas sob a acusação de "pretenderem fazer política no estabelecimento prisional”. O jornalista e os ativistas serão ouvidos esta quinta-feira por um procurador.
Jornalista ficou sem material e telemóvel durante a visita aos jovens detidos em junho. Foto da sua página de Facebbok

Segundo informa a Deutcshe Welle, o seu correspondente deslocou-se à cadeia de Calomboloca, nos arredores de Luanda, para tentar visitar sete dos quinze jovens que estão desde junho em prisão preventiva por alegadamente prepararem um golpe de Estado.

Nelson Sul D’Angola estava acompanhado por uma comitiva do Grupo de Apoio aos Presos Políticos Angolanos, composta por Rafael Morais e Pedro Narciso, da SOS Habitat, e João Malivendele e Jesse Lufendo, da OMUNGA. Mas os cinco acabaram retidos na cadeia do meio dia às 21h de quarta-feira, sem acesso a telemóveis e acusados de "pretenderem fazer política no estabelecimento prisional”.

“Foram apreendidos os meus telefones e equipamentos de trabalho, assim como, os haveres dos activistas da Omunga e da SOS Habitat. Amanhã [hoje], eu e os companheiros acima citados, teremos de nos apresentar ao Comando Municipal de Icolo e Bengo para sermos ouvidos por um procurador”, explicou o jornalista angolano.

Caros amigos,Fui posto em liberdade por volta das 21 horas juntamente com Rafael Morais e Pedro Narciso da SOS Habitat...

Posted by Nelson F. Sul D'Angola on Quarta-feira, 22 de Julho de 2015

Defensor da autonomia das Lundas queixa-se de tortura na prisão

Segundo a rádio Deutsche Welle, foi libertado na semana passada um ativista do Movimento Protetorado Lunda Tchokwe, uma organização que reivindica a autonomia da região designada Reino Lunda, que abrange as províncias da Lunda Norte, Lunda Sul, Moxico e Kuando Kubango.

Rafael Muambumba, de 28 anos, foi preso a 28 de junho, acusado de ter em sua posse material de propaganda da organização.  Após a libertação, foi hospitalizado na sequência das agressões que diz ter sofrido na prisão por militares e polícias.  "Eles batiam-me. Batiam-me muito. Não me davam comida, nem sequer água. Agora estou com tosse, não consigo falar, o peito e a coluna doem-me", disse o ativista à DW África.

O presidente deste movimento, José Mateus Zecamutchima, disse à DW que irá continuar a denunciar as violações dos direitos humanos na região. "Lutarem contra nós, colocarem pessoas na prisão e maltratarem-nas não resolve absolutamente nada. O nosso desafio é que o governo apareça na mesa de diálogo e discuta abertamente e com transparência com o povo Lunda Tchokwe. Vai maltratando e vai tentando impedir os contestatários, mas não é com violência que isso se resolve, porque a violência pode gerar mais violência", declara Zecamutchima, que pondera recorrer aos tribunais com uma queixa contra o Estado angolano.

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