Jogadores da NBA lideram revolta de desportistas contra o racismo

27 de agosto 2020 - 15:00

Depois de Jacob Blake ter sido baleado pela polícia, os protestos contra a violência policial nos Estados Unidos intensificaram-se. Agora, jogadores de basquetebol, futebol e basebol estão a boicotar os jogos.

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ESPN Wide World of Sports Complex vazio na sequência do boicote ao jogo. Foto de JOHN G. MABANGLO/EPA/Lusa.
ESPN Wide World of Sports Complex vazio na sequência do boicote ao jogo. Foto de JOHN G. MABANGLO/EPA/Lusa.

Os desportistas profissionais norte-americanos estão a aderir ao movimento Black Lives Matter de uma maneira inédita. Depois da divulgação de mais um episódio de violência policial este domingo, no qual o afro-americano Jacob Blake foi baleado sete vezes por um polícia em Kenosha, Wisconsin, jogos de várias ligas foram adiados porque os seus jogadores recusaram entrar em campo como forma de protesto.

Os primeiros a recusar jogar foram, esta quarta-feira, os jogadores da equipa da NBA Milwaukee Bucks. Não saíram do balneário para defrontar os Orlando Magic. Não por acaso, porque Kenosha fica próxima da maior cidade do estado do Wisconsin.

Juntaram-se outros da maior liga de basquetebol, a NBA, levando ao adiamento dos outros jogos dos playoffs que se iria realizar no mesmo dia, da liga de basebol, a Major League Baseball e da de futebol, a Major League Soccer.

A maior liga feminina de basquetebol, a WNBA, também tem jogos adiados e na quarta-feira, as jogadoras dos Washington Mystics entraram em campo com t-shirt com o nome de Jacob Blake e com sete buracos, simbolizando os sete tiros de que foi vítima.

O movimento gerado é considerado sem precedentes na história do desporto profissional do país.

Para já, federações e dirigentes desportivos escolheram não confrontar este jogadores. O vice-presidente dos Bucks, Alex Lasry, publicou no Twitter uma mensagem solidária: algumas coisas são maiores do que o basquetebol. A posição assumida hoje pelos jogadores e organização mostra que estamos fartos.”

Também do Milwaukee mas da liga de basebol, os Brewers publicaram na mesma rede social a seguinte mensagem: “com a nossa comunidade e nação a viver tal dor, quisemos chamar a atenção para os temas que verdadeiramente importam, especialmente a injustiça racial e a opressão sistémica”.

A tenista japonesa Naomi Osaka, número dez do ranking da modalidade, anunciou que não iria continuar a jogar no torneio Western & Southern Open, em Nova Iorque, declarando: “como mulher negra sinto que há assuntos muito mais importantes e que exigem atenção imediata do que ver-me jogar ténis. Ver este genocídio de pessoas negras às mãos da polícia está a deixar-me doente...”

Continuar a jogar?

No basquetebol feminino, o mal-estar gerado pela violência policial tinha já levado várias jogadoras, entre as quais Renee Montgomery dos Atlanta Dream, a acabar a temporada para fazer trabalho nos movimentos sociais contra as injustiças.

Agora, a questão de acabar a época está a ser equacionada na NBA. Ao boicote seguiu-se uma reunião em Orlando de jogadores e equipas. O resultado não é público mas o jornalista Shams Charania publicou no Twitter uma mensagem em que revelava que as duas equipas de Los Angeles, Lakers e Clippers, foram as únicas a propor o fim da época e em que afirmava que Le Bron James tinha sido “um dos mais interventivos da reunião” no apelo à luta contra a violência racista e que tinha saído dela junto com os jogadores destas duas equipas. Seguir-se-á uma reunião dos donos das equipas esta quinta-feira.