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Irlanda boicota importações de colonatos israelitas

A Irlanda tornou-se no primeiro país da União Europeia a proibir a importação de matérias primas, serviços e bens israelitas produzidos em territórios palestinianos ilegalmente ocupados pelo Estado de Israel.

O projeto de lei, da autoria da senadora independente Frances Black, foi aprovado esta quarta-feira no Senado irlandês com 25 votos a favor, 20 contra e 14 abstenções. A legislação, que proíbe “a importação e venda de bens, serviços e recursos naturais originários de colonatos ilegais em territórios ocupados” não mereceu o apoio do Governo da Irlanda, ainda que alguns membros independentes do executivo irlandês tenham sido favoráveis à proposta.

Sinn Féin, Labour, Social Democratas, Verdes, Fianna Fáil e vários independentes não-governamentais também apoiaram a medida.

Num artigo publicado no Irish Times, Frances Black sublinha que “embora esses colonatos sejam repetidamente condenados como ilegais pela União Europeia, pelas Nações Unidas e pelo governo irlandês, eles continuam a extrair recursos naturais valiosos e produtos agrícolas”.

“Esses produtos são exportados e vendidos nas prateleiras do mundo inteiro, inclusive na Irlanda, para manter o espetáculo na estrada. Há uma clara hipocrisia aqui - como podemos condenar os colonatos como 'inequivocamente ilegais', como roubo de terras e recursos, mas comprar alegremente os lucros desse crime?”, questionou.

A comunidade israelita, bem como alguns israelitas proeminentes, entre os quais ex-embaixadores israelitas, políticos e um ex-procurador-geral, defenderam a aprovação do projeto de lei.

No domingo, o músico dos Pink Floyd, Roger Waters, divulgou um vídeo exortando à aprovação da proposta.

Já Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel criticou a aprovação do projeto, afirmando que "o Senado irlandês deu o seu apoio a uma iniciativa de boicote populista, perigosa e extremista contra Israel que prejudica as hipóteses de diálogo entre Israel e os palestinianos".

O ministério israelita acrescentou que a lei "terá um impacto negativo sobre o processo diplomático no Médio Oriente" e que "prejudicará a subsistência de muitos palestinianos que trabalham nas zonas industriais israelitas afetadas pelo boicote".

Saeb Erekat , secretário-geral da Organização para a Libertação Palestina (OLP), congratulou a aprovação da proposta, agradecendo ao Senado irlandês “por defender o princípio de justiça” ao aprovar este projeto que “proíbe o comércio com o colonialismo israelita ilegal na Palestina Ocupada".

"Hoje, o Senado irlandês enviou uma mensagem clara à comunidade internacional e particularmente ao resto da União Europeia: a simples conversa sobre a solução de dois Estados não é suficiente sem tomar medidas concretas", continuou Erekat, que estendeu o agradecimento a “todos os que estiveram envolvidos na aprovação desta lei, dos partidos políticos à sociedade civil palestiniana e irlandesa, e particularmente à senadora Frances Black pela sua coragem de apresentar esta moção que avança na causa da justiça na Palestina”.

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