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Fortunas disparam na bolsa em janeiro

Com o país mergulhado na maior crise das últimas décadas, os donos das empresas cotadas na Bolsa de Lisboa festejam o melhor mês de janeiro desde 1998. Soares dos Santos surge no topo da lista e Ricardo Salgado ganhou num mês o quádruplo do que pagou ao fisco para esquecer os erros da sua declaração fiscal de 2011.
Há festa na bolsa portuguesa. Foto quinn.anya/Flickr

A valorização do índice PSI20, que representa a evolução da cotação das 20 maiores empresas cotadas na bolsa nacional, foi no mês passado de 16,5% face a janeiro de 2012. À frente das valorizações está a EDP e a Jerónimo Martins neste mês de janeiro que foi o que mais dinheiro trouxe aos acionistas nos últimos 15 anos. 

No mês em que trabalhadores e pensionistas viram a sua remuneração perder valor, com o aumento da carga fiscal, só os dez maiores acionistas registaram ganhos potenciais de mil milhões de euros. Quase metade deste valor (423 milhões) pertence a Alexandre Soares dos Santos, dono da cadeia de distribuição Jerónimo Martins (Pingo Doce). Em segundo lugar na lista divulgada pelo Diário Económico surge Isabel dos Santos, com cerca de 140 milhões de mais-valias no primeiro mês do ano, muito ajudada pela valorização de 38,67% nas ações do BPI, onde a filha do presidente angolano detém um quinto do capital. 

Os restantes milionários bafejados pela capitalização bolsista de janeiro já tinham lugar cativo na lista dos poderosos do país. É o caso de António Mota, da Mota Engil, a ação que mais subiu este ano e por isso vê a sua participação na empresa valorizar 95,3 milhões em apenas um mês. Pedro Queiroz Pereira, da Semapa, ficou 86,2 milhões mais rico, mais que Belmiro de Azevedo (Sonae, 69,4 milhões), Nuno Vasconcellos (Ongoing, 52,2 milhões graças à subida da cotação da Zon e PT), Américo Amorim (GALP, 50 milhões). Até Joe Berardo encontra razões para sorrir: depois da enorme queda das ações do BCP, a recente recuperação permite-lhe recuperar num mês 19,7 de euros.

Para o banqueiro Ricardo Salgado, os ganhos na bolsa no mês de janeiro compensam e muito todas as polémicas em que se viu envolvido nas últimas semanas sobre a sua idoneidade face ao fisco. Depois de ter reconhecido que não declarara no IRS de 2011 cerca de 8,5 milhões de euros que recebera como consultor em Angola, já depois de aproveitar as três amnistias fiscais para autores de fuga de capitais que foi lançada após o início da "Operação Furacão", Salgado retificou a declaração de 2011 ao fisco pagando mais 4,3 milhões. Só em janeiro, ganhou 20 milhões na bolsa, quantia que quase daria para pagar quatro vezes ao fisco pelo esquecimento. 

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