A Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE) e a associação ambientalista ZERO posicionam-se contra o fim da interoperabilidade no modelo de mobilidade elétrica e apelam à reavaliação desta medida, considerando que acarreta “riscos significativos” para os utilizadores.
Em causa está um conjunto de medidas apresentado pelo atual governo a 26 de fevereiro, que têm como objetivo a liberalização da mobilidade elétrica e cujo diploma esteve em consulta pública até sábado. A UVE e a ZERO defendem que a promoção de modelos fechados de carregamento aumenta o risco de preços mais elevados para o consumidor.
“A particularidade da interoperabilidade obrigatória é responsável por grande parte do sucesso da mobilidade elétrica em Portugal, sendo a sua extinção, a ocorrer, um enorme retrocesso no processo de evolução da mobilidade elétrica no nosso país”, lê-se na nota de imprensa enviada à Lusa pelas duas associações.
O fim da interoperabilidade significa que há “riscos significativos” para os utilizadores, impondo “a necessidade de múltiplas fidelizações com diferentes operadores para acesso a melhores condições de preço”. Por isso, as associações apelam à revisão desse ponto do diploma, para “proteger os direitos dos utilizadores”.
Com a atual proposta, a UVE e a ZERO consideram que se levantam “sérias preocupações” quanto à “garantia de manutenção de um mercado competitivo e à prevenção de oligopólios”, porque funciona numa redução significativa da concorrência, com impacto direto nos preços para os utilizadores.
As associações consideram ainda fundamental a existência de uma entidade global de gestão da mobilidade elétrica, pois o Estado “investiu muitos recursos na criação de um ativo público durante 16 anos” e não existem “motivos para que este trabalho e investimento não continuem”.