Feroz perseguição contra os imigrantes na Grécia

11 de agosto 2012 - 20:35

Desde o passado fim de semana, o governo grego lançou uma feroz perseguição aos imigrantes. Mais de 7.000 imigrantes foram detidos e 1.400 receberam ordem de expulsão. Syriza denuncia que Samaras, com esta perseguição, tenta desviar a atenção do abandono dos seus compromissos eleitorais e das novas medidas contra o povo grego, impostas pela troika.

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Desde o passado fim de semana, o governo grego lançou uma feroz perseguição aos imigrantes. Na foto, a polícia anti-motim numa estação de comboio de Atenas aguarda a chegada do comboio do Norte da Grécia, para procurar entre os passageiros os imigrantes sem papéis.

O Governo da Grécia lançou no primeiro fim de semana de agosto a operação “Zenios Zeus”, uma feroz campanha de perseguição contra os imigrantes. Desde o início da operação já foram detidas mais de 7.500 pessoas em Atenas, 2.000 das quais continuam detidas por não ter papéis e 1.400 receberam ordem de expulsão.

Na passada quarta feira, a Amnistia Internacional (AI) denunciou o racismo das rusgas policiais e apelou ao governo grego a que pare a repressão polícia em massa contra os imigrantes ilegais.

A AI denuncia múltiplas irregularidades na operação policial, nomeadamente a prisão de pessoas possuidoras de atestado de residência. “O país tem direito a controlar o fluxo migratório, mas não tem o direito de tratar as pessoas como criminosos apenas por causa da cor da pele”, declarou Jezerca Tigani, vicediretora do Programa da AI para a Europa e a Ásia Central.

A representante da AI condenou também as práticas racistas das autoridades gregas e frisou que “a escala da operação policial levada a cabo desde o último fim de semana em Atenas levanta sérias preocupações sobre discriminação étnica”.

A AI denuncia também as condições em que estão as pessoas imigrantes nos centros de detenção. Segundo o testemunho de um dos detidos, no centro da rua Petrou Ralli em Atenas, 170 imigrantes para lá transportados estão numa única habitação, só lhes deram água no dia da prisão e depois só puderam comer pão, porque a comida que lhes davam violava as regras da sua religião. A AI denuncia também as “sérias obstruções” ao pedido de asilo político, por parte de estrangeiros.

O correspondente em Atenas do jornal espanhol “El Mundo”, refere também que a polícia grega não permite aos jornalistas o acesso às imediações do centro de detenção de Petrou Ralli. O mesmo jornalista refere também que a operação policial tem o apoio de muitos moradores do centro de Atenas, que escreveram uma carta criticando Alexis Tsipras, líder da Syriza, e Aleka Papariga, líder do KKE, por terem condenado a operação policial, considerando-a “barbárie desumana” e “pogrom”. O jornal diz ainda que a maioria da população grega relaciona o aumento dos crimes com a imigração e considera o aumento da insegurança o segundo problema da Grécia, depois da crise económica, lembra ainda o crescimento do partido nazi Aurora Dourada, nas últimas eleições.

A Syriza considera que existe de facto um problema com os imigrantes sem papéis, que já chegam a cerca de um milhão, sem as estruturas necessárias para atendê-los. Em entrevista publicada no site espanhol Tercera Información em julho passado, Errikos Finalis do Secretariado da Syryza considera que a situação dos imigrantes sem papéis foi provocada pelo Tratado de Dublin II. “Esta situação foi provocada pelo Tratado de Dublin II, que estabelece que uma vez que tenham entrado na Grécia, os imigrantes não podem sair para o resto da UE, sob pena de serem devolvidos aqui. Com isto criou-se uma crise incrível, especialmente nos bairros pobres das grandes cidades, crise que foi explorada pelos nazis. A nossa proposta neste campo é que a Grécia saia de Dublin II e dar papéis a estes imigrantes para que possam sair do país, já que o nosso país e a sua crise não é tampouco uma saída para eles”, declarou Errikos Finalis.

A Syriza para além de condenar a operação “Zenios Zeus”, denuncia que se trata de uma gigantesca manobra do primeiro-ministro Samaras e do governo da coligação Nova Democracia, Pasok e Esquerda Democrática para desviar a atenção do facto do governo ter abandonado todos os compromissos eleitorais de renegociar o memorando da troika. Para a Syriza, o governo lança a feroz operação contra os imigrantes e muda a agenda para a segurança, para escamotear o lançamento das novas medidas impostas pela troika contra o povo grego, no montante de 15.000 milhões de euros.