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EUA: milícias de extrema-direita patrulham pequenas cidades contra “invasão antifa”

Com as suas declarações sobre terrorismo, Trump deu gás às teorias da conspiração que circulam nas redes sociais da extrema-direita norte-americana de que há existem grupos anti-fascistas a infiltrarem-se nas zonas rurais para desencadear violência.
Grupo armado nas ruas de Coeur d'Alene, Idaho, EUA. Junho de 2020. Foto de Pucktography/Facebook.
Grupo armado nas ruas de Coeur d'Alene, Idaho, EUA. Junho de 2020. Foto de Pucktography/Facebook.

“Antifa” entrou decisivamente no vocabulário político norte-americano. A expressão que, para a esmagadora maioria dos utilizadores designa grupos variados de militantes anti-fascistas, para Trump tornou-se sinónimo de terrorismo. Depois disso, o FBI declarou que não havia qualquer prova de envolvimento de grupos “antifa” nos episódios de violência que se seguiram ao assassinato de George Floyd por um polícia.

A palavra circula também nos meandros dos grupos extremistas de direita norte-americanos onde se efabula acerca de uma invasão organizada de ativistas antifa que se estariam a deslocar em massa para pequenas cidades de forma a causar distúrbios. Segundo o Guardian, dos rumores passou-se aos atos e vários grupos armados estão a organizar milícias de vigilantes para deter a “invasão” na zona oeste do país.

Em Coeur d’Alene, no Idaho, um grupo de entre 30 a 50 homens armados com espingardas semi-automáticas percorreu durante toda a semana passada o centro da cidade. Imagens da milícia estão disponíveis em várias redes sociais mas não conseguiram ainda assim demover as manifestações anti-racistas por parte de habitantes da cidade em memória de Floyd.

Em Sonora, no norte da Califórnia, os ativistas que quiseram manifestar-se juntando-se ao movimento “black lives matter” foram ameaçados e os seus carros seguidos. O próprio chefe da polícia local, Turu VanderWiel, dirigiu-se ao grupo que saiu às ruas com armas e que vestia camisolas que diziam “all lives matter”. Apesar de lhes ter dito que as pessoas não deveriam vir a este tipo de manifestação armadas, agradeceu-lhes por estarem a proporcionar à polícia “olhos extra, corpos extra”.

Há notícia de contra-manifestações armadas ou de grupos a patrulhar as ruas noutras cidades como Snohomish, em Washington, Sandpoint, no Idaho e Bentonville, no Arkansas.

Ao Guardian, Lindsay Schubiner, diretora do Western States Center, explicou que “a extrema-direita e grupos que são contra a existência de um governo federal estão avidamente a espalhar desinformação sobre manifestantes anti-fascistas em comunidades locais”. Estes rumores “são-lhes úteis para mobilizar os seus apoiantes e semear agitação e divisão”, alertou, apelando a que haja um a avaliação cuidadosa das alegações que circulam de forma a “proteger contra o espalhar de desinformação”.

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