Este sábado marcha-se para “Resgatar o Futuro, Não o Lucro”

16 de outubro 2020 - 13:12

As quatro dezenas de organizações que subscrevem o manifesto da iniciativa alertam que “os direitos básicos estão ameaçados”. “Face a uma crise de saúde e de economia, os direitos têm de ser garantidos a toda a população, de forma incondicional”, frisam. Iniciativa terá lugar em Lisboa, Porto e Guimarães.

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Foto da Plataforma "Resgatar o Futuro, não o Lucro".

No manifesto publicado na página da plataforma de coletivos ativistas Resgatar o Futuro, Não o Lucro, é assinalado que “a crise do Covid-19 veio expor, mais uma vez, as fragilidades do sistema capitalista”. As quatro dezenas de organizações que convocam a manifestação deste sábado alertam para o agravamento das desigualdades pré-existentes, com base na falta de rendimento, classe, género, nacionalidade, etnia, orientação sexual. E apontam que “os maiores custos desta crise são imputados a quem menos pode e, não duvidamos, tenderão a sê-lo ainda mais quando entrarmos numa fase de rescaldo da doença e com a tentativa de fazer ‘voltar a normalidade’”. 

“Os direitos básicos estão ameaçados. Face a uma crise de saúde e de economia, os direitos têm de ser garantidos a toda a população, de forma incondicional. A falta generalizada de rendimentos torna-se a normalidade num sistema que só gere crises com colapsos sociais”, lê-se no documento, em que é dada visibilidade a todas as pessoas que têm assegurado serviços essenciais.

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Publicado por Resgatar o Futuro, Não o Lucro em Quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Para que estes colapsos sociais sejam travados, os coletivos defendem que o SNS precisa de “ser protegido dos esforços de mercantilização da saúde, com reforços e garantias de capacidade de resposta às necessidades de cuidados e reforço das condições a quem lá trabalha, com a universalidade e a gratuitidade”. Acresce que a alimentação tem de ser sempre assegurada e encarada como “um direito básico exercido de forma universal, e não como caridade dependente da boa vontade de terceiros”. Da lista de reivindicações dos ativistas constam também o impedimento dos despejos e a transformação dos edifícios sem uso útil em habitação. O acesso das famílias a energia e água, numa lógica que enquadre os limites ambientais e a justiça social, bem como o acesso universal aos meios digitais e a um sistema de ensino público universalmente gratuito são ainda condições essenciais para fazer face à crise social. No documento não é esquecida a necessidade de “enfrentar o racismo, o autoritarismo e a violência estrutural sobre pessoas racializadas e pobres”.

As organizações destacam que as ondas de choque do Covid-19 agravam os impactos da crise climática, e alertam para a necessidade de garantir uma transição energética justa. Para tal, é preciso desmantelar na próxima década a indústria energética e de transportes baseada em fósseis, reconfigurando os modos de produção. E, para esse efeito, “empregar centenas de milhares de pessoas em serviços públicos essenciais que garantam soberania e democracia produtivas”. 

“Salvar as pessoas e responder às suas necessidades” tem de ser a “linha orientadora” do Estado, defendem. E isso passa por “resgatar as pessoas dos setores agora arrasados” e inverter a “dependência económica de setores vulneráveis e em alguns casos socialmente inúteis”. Assim como por “garantir uma produção segura de alimentos e de medicamentos com cadeias curtas, com maior proximidade entre produtores e consumidores”. Por outro lado, para assegurarmos a nossa “liberdade e capacidade de ação e emancipação”, torna-se necessário repudiar as dívidas dos Estados.

Apelando à mobilização para as manifestações de Lisboa (Pç José Fontana, 16h), Porto (Jardim da Cordoaria, 16h30) e Guimarães (Câmara Municipal, 16h30), os promotores da manifestação “Resgatar o Futuro, Não o Lucro) garantem: “Não ficaremos a assistir à História, criaremos a nossa História”.

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