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Enquanto se especula sobre iminência de cessar-fogo, massacre continua em Gaza

Os meios da comunicação social mainstream especulam sobre a iminência de um acordo sobre os reféns israelitas nas mãos do Hamas e sobre um cessar-fogo de cinco dias. Por exemplo o Washington Post noticia que este já foi alcançado, ao mesmo tempo que o governo dos EUA o nega. E o governo do Qatar, que se apresenta como mediador nas conversações, fez saber que há apenas “obstáculos muito pequenos”, sendo apenas de “ordem prática e logística” para que o entendimento seja selado.
Enquanto isso, os ataques em larga escala das forças militares israelitas contra civis continuaram este fim de semana em Gaza. Depois de pressionar os habitantes do norte do território a abandonar as suas casas por “razões de segurança”, os militares do Estado sionista bombardeiam agora indiscriminada a norte e a sul do território. Foram atacados hospitais, campos de refugiados, escolas e zonas residenciais.
Este sábado tinham sido atingidas por bombardeamentos israelitas duas escolas da ONU na Faixa de Gaza: a escola al-Fakhoora no campo de refugiados de Jabalia e outra escola em Tal al-Zaatar. O Ministério da Saúde palestiniano referiu a existência de pelo menos 83 mortos no primeiro dos campos de refugiados, pelo menos 50 nas instalações da escola, e de centenas de feridos. A equipa de reportagem da Al Jazeera no local relatava ao mesmo tempo que havia nesta escola “corpos mortos por todo o lado enquanto as equipas médicas tentam evacuar os feridos”.
No ataque ao campo de refugiados de Nuseirat, no centro de Gaza, e ao campo de refugiados de Bureij, nesta madrugada, foram mortos pelo menos 31 palestinianos. Dois jornalistas foram também mortos neste segundo campo revelou o grupo palestiniano de defesa da liberdade de imprensa MADA. Trata-se de Sari Mansour e de Hassouneh Salim. No dia anterior, o Comité para Proteger Jornalistas tinha contabilizado 42 jornalistas mortos desde o início desta nova série de ataques a Gaza.
A agência de notícias palestiniana Wafa dá conta na manhã deste domingo que também houve um ataque a um campo de refugiados na Cisjordânia, o campo de Balata, a leste de Nablus. Neste seis palestinianos foram feridos por balas e outros, incluindo um idoso e duas mulheres, espancados por soldados israelitas, de acordo com o Crescente Vermelho. A mesma fonte dá conta que uma ambulância da organização foi atingida por balas das forças militares ocupantes quando tentava socorrer uma idosa. Nesta mesma parte da Palestina, esta organização dava ainda conta de um morto e um ferido em Jenin e mais quatro feridos na zona de Nablus e outro em Qalandiyah.
O total de mortes causadas pelos ataques israelitas era, ao final da tarde de sábado, de 12.300 segundo o Ministério da Saúde das autoridades de Gaza. Mais de 5.000 dos quais menores de idade. Contabilizavam-se ainda 30.000 feridos e milhares de desaparecidos.
Ao mesmo tempo, a situação em vários hospitais de Gaza é catastrófica. Uma equipa da Organização Mundial de Saúde inspecionou o hospital de al-Shifa no sábado, tendo descrito-o como uma “zona de morte”. Depois da saída em pânico de muitas pessoas das instalações deste hospital, permanecem 291 pacientes, alguns deles bebés, para além do pessoal médico que lhes presta assistência e que serão 25 pessoas. Espera-se que possam ser transferidos nas próximas 72 horas para o hospital Europeu e outros no sul da Faixa de Gaza, apesar de todos eles estarem bem para além da sua capacidade máxima.
Para além disso, muitos hospitais estão sem água, combustíveis ou medicamentos. 26 de um total de 35 fecharam mesmo. O Crescente Vermelho denunciava que, por exemplo, o hospital al-Amal Hospital em Khan Younis está sem eletricidade e água há seis dias.
Os Médicos Sem Fronteiras condenaram o “ataque deliberado” de que foram alvo, por partes das forças armadas israelitas, quando tentavam evacuar os seus trabalhadores e familiares deles das instalações da organização perto do hospital Al-Shifa.
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