Genocídio

Deliberadamente: Israel mata jornalistas e dispara contra quem busca comida

11 de agosto 2025 - 10:27

Cinco jornalistas da Al Jazeera foram mortos num ataque israelita. Ao mesmo tempo, uma análise jornalística mostra como os ataques mortais a quem procura auxílio humanitário em Gaza são “sistemáticos e “indiscriminados”.

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Anas Al Sharif a trabalhar em Gaza.
Anas Al Sharif a trabalhar em Gaza. Foto do X.

As forças armadas israelitas confirmaram na noite deste domingo o assassinato deliberado de cinco jornalistas na cidade de Gaza. Para além do conhecido correspondente da Al Jazeera Anas Al Sharif, foram ainda mortos Mohammed Qreiqeh, também repórter e os jornalistas Ibrahim Zaher, Moamen Aliwa e Mohammed Noufal.

O ataque fatal ocorreu enquanto estavam numa zona de tendas reconhecidamente ocupada por jornalistas em frente ao hospital Al Shifa. Para além destas cinco pessoas, foram ainda mortas pelos sionistas mais duas e oito ficaram feridas disse o diretor deste hospital Mohammed Abu Salmiya, ao The New York Times, explicando que se tratou de um ataque com um drone.

O exército sionista alegou que Anas “fazia-se passar por jornalista” mas pertencia ao Hamas, o que tanto este como o canal de televisão para o qual trabalhava sempre negaram. A Al Jazeera denuncia um “assassinato premeditado” que é “uma tentativa desesperada de silenciar vozes antecipando a ocupação de Gaza”.

Anteriormente, o Comité para a Proteção dos Jornalistas já se tinha manifestado “gravemente preocupado” com a segurança deste jornalista devido à “campanha de difamação” que se acreditava já ser uma antecipação para este atentado.

Apesar da repressão do Estado sionista, que proibiu a Al Jazeera de trabalhar no país e fechou à força todas as suas instalações, este canal tem conseguido estabelecer-se no terreno, dar notícias em primeira mão dos ataques israelitas e fazer reportagens sobre as condições fome massiva e falta de infraestruturas básicas que assolam toda a Faixa de Gaza no contexto do genocídio em que já foram mortos mais de 61.000 pessoas no território.

No verão passado tinha sido o repórter da mesma cadeia televisiva, Ismail al-Ghoul, a ser assassinado nas mesmas circunstâncias e com os militares israelitas a utilizarem a mesma desculpa.

Investigação desmonta o “esquema mortal” dos ataques israelitas a quem procura auxílio humanitário

Um “padrão sustentado” e um “esquema mortal”. É assim que a análise do The Guardian a provas visuais, entre as quais mais de 30 vídeos, balas, dados médicos de dois hospitais e testemunhos ao longo de 50 dias classifica os disparos mortais sucessivos das forças armadas israelitas contra aos civis que procuram ajuda humanitária, nomeadamente alimentos, num contexto em que Israel fechou as portas a esta e só permite as operações de uma agência por si controlada e apoiado pelos EUA, chamada “Gaza Humanitarian Foundation”.

Enquanto já centenas morreram à fome, muitos civis estão a morrer quando se dirigem para os pontos designados como sendo de auxílio humanitário. São ataques “sistemáticos” e “indiscriminados” e que não têm qualquer propósito militar. De acordo com as Nações Unidas, pelo menos 1.373 foram mortas desde 27 de maio enquanto procuravam alimentos, 859 na vizinhança dos locais de distribuição da GHF, 514 nas estradas por onde circulam os camiões que carregam estes alimentos.