Secretária-geral da Justiça e Diretor Nacional do SEF detidos por corrupção na atribuição de vistos gold

13 de novembro 2014 - 15:16

Maria Antónia Anes, nomeada em novembro de 2011 pela atual ministra, Paula Teixeira da Cruz, e Manuel Jarmela Palos foram detidos esta quinta-feira na sequência de buscas promovidas pela Polícia Judiciária, segundo avança a SIC e o Expresso. A investigação levou ainda à detenção do presidente do Instituto de Registos e Notariado. Notícia atualizada às 15h55.

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Em comunicado, a Polícia Judiciária (PJ) confirmou que "estão em curso várias diligências, designadamente seis dezenas de buscas em diversos pontos do país, tendo sido emitidos mandados de detenção".

"Neste inquérito investigam-se, entre outras, matérias relacionadas com a atribuição de vistos gold", refere a PJ, adiantando que "estão em causa suspeitas de crimes de corrupção, tráfico de influências, peculato e branqueamento de capitais".

"Nesta investigação, o Ministério Público é coadjuvado pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) da Polícia Judiciária (PJ)", lê-se ainda no comunicado.

A  Secretária-geral da Justiça foi nomeada em novembro de 2011 pela atual ministra, Paula Teixeira da Cruz. Maria Antónia Anes, que já passou pelo Instituto dos Registos e do Notariado – presidido por António Figueiredo, também detido esta quinta-feira – já foi funcionária da Polícia Judiciária e adjunta de José Pedro Aguiar-Branco quando o atual ministro da Defesa era responsável pela pasta da Justiça.

Conforme avança a Sic, o diretor nacional do SEF, Manuel Jarmela Paulos, preparava-se para viajar para fora do país quando foi detido pela PJ.

No total, foram detidas 11 pessoas.

Os vistos gold - autorização de residência para entrada e permanência em território português, para fins de investimento - foram criados em outubro de 2012 por Paulo Portas, então ministro dos Negócios Estrangeiros.

Até dezembro de 2013, dos 471 vistos dourados atribuídos, nem um único se destinou à criação de emprego, com o investimento imobiliário a ser responsável por 440 pedidos e os restantes 31 motivados por transferência de capitais. No topo da lista dos beneficiários estão os milionários chineses, que representam cerca de 80% dos pedidos, seguindo-se a larga distância os russos e angolanos.