Esta sexta-feira, no Miradouro de São Pedro de Alcântara, foi assinado o acordo de coligação entre PS, Bloco de Esquerda, Livre e PAN para uma candidatura à Câmara Municipal de Lisboa designada “viver Lisboa”.
Estiveram presentes os dirigentes destes partidos e, pelo Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua explicou que Lisboa é “um sinal de esperança” num esforço “para haver coligações, para haver movimentos que se unem em nome de cidades, localidades mais democráticas, que respeitem os grandes desafios dos nossos tempos, que vão da habitação às alterações climáticas” e que “são aquilo que pode trazer esperança ao futuro”.
A coordenadora bloquista defende que o atual presidente desta Câmara, Carlos Moedas, fez “muita propaganda” mas que “a cidade está pior”: “está caótica, tem transportes impossíveis, o lixo é visível para qualquer pessoa que viva e queira viver a cidade, as deslocações são muito complicadas por causa do trânsito, sabemos como não há habitação nem acesso à habitação, como a cidade se vai descaracterizando com uma carga turística que não é compatível com a vida na cidade”, descreve.
Questionada sobre as acusações de radicalismo feitas pelo autarca contra a esquerda, a dirigente bloquista considerou que “são acusações vazias, de propaganda, de quem não tem nada a mostrar do trabalho que fez na cidade”. Em seguida distinguiu um “radicalismo no mau sentido” e radicalismo “em bom sentido”. A governação de Moedas é radical no mau sentido porque as pessoas que trabalham em Lisboa, não têm onde viver, nem conseguem pagar uma renda na capital, tendo criado “uma cidade de elite”, para os ricos dos mais ricso”:
Já o radicalismo “em bom sentido” diz respeito às mudanças necessárias: “precisamos de transformações radicais para que as pessoas tenham acesso à habitação, de mudar radicalmente o estado dos transportes, o estado do lixo da cidade, da sujidade da cidade”.
Do lado da esquerda, acredita-se que a cidade “tem de ser para todos” e recorda-se a experiência de Jorge Sampaio “quando o somatório dos partidos pode valer muito mais do que os partidos, quando pode criar uma esperança num projeto mobilizador, transformador da cidade, é para isso que nós queremos contribuir, foi para isso que quisemos contribuir neste acordo”, conclui.
A cabeça de lista desta coligação, Alexandra Leitão, do PS, também acredita que é preciso uma cidade em que morar “não seja um privilégio, mas um direito”. Também ela pensa que Carlos Moedas “deixa uma cidade mais suja, mais desigual, mais caótica, mais difícil de viver”
E também invocou a experiência da coligação liderada por Jorge Sampaio, entre 1990 e 1995, feita para devolver Lisboa aos lisboetas, tendo como grande prioridade a habitação pública”.
Entre as propostas, a cabeça de lista da coligação de esquerda destacou que pelo menos 20% das casas em Lisboa sejam públicas, a reabilitação de edifícios devolutos, a utilização de terrenos municipais para soluções inovadoras como casas modulares, regular e fiscalizar o alojamento local e rever o Plano Diretor Municipal para “travar a conversão de habitação em turismo e garantir quotas obrigatórias de renda acessível nos novos empreendimentos”.
No campo da mobilidade pretendem-se transportes públicos gratuitos para residentes e mais corredores BUS. Para além de outras medidas como higiene urbana eficiente, proteção do património arbóreo e aposta na educação ação social e economia local.