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Brasil: presidente da câmara dos deputados denunciado por corrupção

Procuradoria Geral da República denunciou nesta quinta-feira ao Supremo Tribunal Federal o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, do PMDB, por lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Foi denunciado também o senador e ex-presidente da República Fernando Collor.
Eduardo Cunha: lavagem de dinheiro e corrupção passiva. By Ivaldo Cavalcante - Agência Câmara [Attribution], via Wikimedia Commons
Eduardo Cunha: lavagem de dinheiro e corrupção passiva. By Ivaldo Cavalcante - Agência Câmara [Attribution], via Wikimedia Commons

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, acusa o presidente da Câmara de receber suborno do empresário e lobista Júlio Camargo para facilitar a assinatura de contratos de aluguer de navios-sonda entre a Samsung Heavy Industries e a Petrobras. O procurador pede a restituição do produto e proveito dos crimes no valor de 40 milhões de dólares e exige outros 40 milhões por reparação dos danos causados à Petrobras e à Administração Pública.

A denúncia foi enviada por Janot ao Supremo Tribunal Federal, devido às prerrogativa do cargo de Eduardo Cunha. Esta é a primeira acusação enviada ao STF no quadro da investigação da operação Lava Jato.

De herói a vilão

Recorde-se que Cunha, desde que soube que poderia vir a ser denunciado, passou a defender o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Nas recentes manifestações contra o governo e a corrupção, Cunha não só foi poupado pelos manifestantes como recebeu um tratamento de herói da luta contra a corrupção.

A maior parte da acusação é baseada em afirmações do lobista Júlio Camargo, que reconheceu ter feito contactos pessoais com Cunha. Como prova documental, Janot mostrou que Júlio Camargo transferiu, em 2012, 500 mil reais para a Assembleia de Deus, sob a falsa alegação de que se tratava de doações religiosas. Ele considera "notório" o vínculo entre Cunha e a igreja evangélica, pois o diretor da entidade é irmão do pastor, que celebra cultos frequentados pelo deputado.

184 anos de prisão

Além da igreja evangélica, teriam sido transferidos valores para contas no exterior, entregas em dinheiro em espécie, e simulação de contratos de consultoria, com emissão de faturas falsas.

O procurador-geral da República pede 184 anos de prisão para o presidente da Câmara dos Deputados, o que, na prática, levaria a uma pena de 30 anos em regime fechado, o máximo permitido pela lei brasileira.

Cunha divulgou nota em que se declara de "consciência tranquila" e refuta todas as acusações do procurador-geral da República.

Fernando Collor

O senador e ex-presidente da República Fernando Collor foi denunciado por pelo menos dois crimes – corrupção ativa e lavagem de dinheiro. As investigações da Operação Lava Jato apontam que o senador recebeu, entre 2010 e 2014, 26 milhões de reais como pagamento de luvas por contratos firmados na BR Distribuidora. Delatores da Lava Jato afirmaram que chegaram a pagar faturas de cartão de crédito de Collor e que o senador recebeu parte das luvas em dinheiro vivo e em mãos.

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