Bernie sai da corrida à Casa Branca: "A campanha acaba, a luta pela justiça continua

08 de abril 2020 - 20:02

Apesar da desistência, Bernie Sanders quer continuar a eleger delegados para influenciar o programa do Partido Democrata. Joe Biden fica com caminho livre para a sua candidatura nas eleições de novembro contra Donald Trump.

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Fotografia do facebook de Bernie Sanders

Bernie Sanders desistiu da sua candidatura a presidente dos EUA, tendo declarado que "a campanha acaba, a luta pela justiça continua".

A campanha de Bernie Sanders começou com muito entusiasmo e com resultados positivos nas três primeiras eleições primárias do Partido Democrata realizadas nos estados de Iowa, de Nova Hampshire e do Nevada. Mas começou a perder terreno desde aí.

Bernie Sanders reconheceu no seu discurso desta quarta-feira que já não tinha hipóteses reais de ser o nomeado democrata: "Eu gostaria de poder dar-vos notícias melhores, mas acho que vocês sabem a verdade. E agora estamos com cerca de 300 delegados atrás do vice-presidente Biden, e o caminho para a vitória é praticamente impossível".

Bernie afirma um paradoxo da campanha: por um lado estão "a vencer a batalha ideológica", a conquistar "o apoio de tantos jovens e tantos trabalhadores em todo o país". Por outro lado, do ponto de vista das eleições primárias, concluiu que a "batalha pela indicação democrata não será bem-sucedida".

Afirmou que a decisão não foi tomada de ânimo leve, que foi "muito difícil e dolorosa" e resultou da consulta de vários ativistas e apoiantes: "Se eu acreditasse que tínhamos um caminho possível para a indicação, certamente continuaria a campanha".

Aos que discordam da sua posição, afirma que os compreende mas sublinha: "Quando eu vejo a crise a dominar o país, exacerbada por um presidente que não está disposto ou não é capaz de fornecer qualquer tipo de liderança credível e o trabalho que precisa ser feito para proteger as pessoas nesta hora desesperante, eu não poderia, em sã consciência, continuar com uma campanha que não pode vencer e que interferiria no importante trabalho exigido por todos nós nesta hora difícil".

Com o fim da sua candidatura, diz que o movimento não acaba: "Como todos sabem, nunca fomos apenas uma campanha. Somos um movimento de base, multirracial e multigeracional, que sempre acreditou que a mudança real nunca vem de cima para baixo, mas sempre de baixo para cima. Enfrentamos Wall Street, as seguradoras, as farmacêuticas, a indústria de combustíveis fósseis, o complexo industrial militar, o complexo industrial prisional e a ganância de toda a elite corporativa. Essa luta continua".

Ao sair da corrida para candidato democrata, saúda o seu até agora adversário: "Hoje parabenizo Joe Biden, um homem muito decente com quem trabalharei para levar adiante nossas ideias progressistas." E embora tenha desistido da candidatura e terminado a campanha, deixa uma "nota prática": "ficarei no boletim de voto em todos os estados que faltam e continuarei a reunir delegados", "embora o vice-presidente Biden seja o candidato, devemos continuar a trabalhar para reunir o maior número possível de delegados na convenção democrata, onde poderemos exercer influência significativa sobre a plataforma do partido e outras funções".