Açores

Alienação do handling da SATA é negócio “absurdo e ruinoso”

08 de setembro 2025 - 10:25

A SATA “ficará reduzida a uma pequena empresa com poucos trabalhadores”, explica António Lima numa visita a uma escola a propósito do novo ano letivo. O Bloco Açores quer ainda que haja apoio ao arrendamento para todos os professores deslocados nos Açores tal como passará a haver no continente.

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Bloco de Esquerda Açores visita  Escola Secundária das Laranjeiras, em Ponta Delgada.
Bloco de Esquerda Açores visita Escola Secundária das Laranjeiras, em Ponta Delgada.

Na passada quinta-feira, o vice-presidente do governo regional dos Açores, Artur Lima, tinha anunciado que a unidade de handling da transportadora aérea regional SATA ia passar para as mãos da SATA Holding, S.A.“para depois poder ser privatizada”.

No dia seguinte, à margem de uma vista à Escola Secundária das Laranjeiras, em Ponta Delgada, o coordenador do Bloco de Esquerda Açores reagiu considerando tratar-se de “um negócio absurdo, ruinoso, que só funciona na cabeça de neoliberais, da Comissão Europeia e, pelos vistos, na cabeça do Governo Regional”.

António Lima acrescentou que “ninguém acha que a privatização do ‘handling’ será uma coisa boa para a SATA, exceto o Governo” regional. Para ele, este “em vez de procurar reverter” a decisão da privatização junto da Comissão Europeia “assume-a como uma solução para a SATA Air Açores”.

O resultado será que esta “ficará reduzida a uma pequena empresa com poucos trabalhadores, que faz transporte aéreo, quando grande parte daquilo que é a SATA Air Açores é, efetivamente, aquilo que se chama de ‘handling’, que são os serviços de apoio em terra”.

António Lima explicou ainda que “a entrega desse serviço a privados irá criar um monopólio na região, um monopólio privado, que deixará a região ainda mais refém de monopólios privados. Já está em várias áreas e ficará também no transporte aéreo”. Isto porque “ninguém acredita, como é óbvio, que em quase todas as ilhas dos Açores, se não em todas, teremos três ou quatro empresas de ‘handling’ a prestar serviço. A SATA terá de contratar esse serviço de ‘handling’ a essa empresa que vai ser privatizada”.

Bloco defende apoio ao arrendamento para todos os professores deslocados nos Açores

Após a visita à Escola Secundária das Laranjeiras, António Lima sublinhou ainda que o Bloco de Esquerda defende que haja apoio ao arrendamento para todos os professores deslocados nos Açores. Uma vez que a partir deste ano, todos os professores deslocados no continente vão receber tal apoio, se os Açores não seguirem o mesmo caminho vão perder muitos professores, alerta.

O deputado do Bloco de Esquerda salientou que o apoio que existe a nível regional é muito limitado, porque a sua abrangência é definida a cada ano pelo governo e tem contrapartidas por parte dos professores. No presente ano letivo, por exemplo, o apoio poderá abranger, no máximo, 31 professores, em apenas cinco ilhas.

É um apoio que “não chega a ninguém” e “não resolve qualquer problema”, aponta.

Por isso, o Bloco vai reunir com os sindicatos dos professores para preparar uma proposta de adaptação do apoio que existe a nível nacional, que tem o valor de 150 a 500 euros por mês e que é atribuído a todos os professores colocados a mais de 70 km da sua residência.

Este apoio ao arrendamento é muito importante para atenuar o problema da falta de professores nos Açores, porque os preços da habitação “são insuportáveis, são incomportáveis, e isso terá como consequência, em primeiro lugar, a qualidade do ensino, e prejudicará os alunos”, afirmou António Lima.

Após reunir com o conselho executivo da Escola Secundária das Laranjeiras, apontou também o problema crónico da falta de funcionários das escolas, incluindo funcionários para apoio aos alunos com necessidades educativas especiais, e criticou a opção de, mais uma vez, o governo insistir no recurso a programas ocupacionais, em vez de finalmente implementar as bolsas de recrutamento por ilha, que permitiria substituir assistentes operacionais de forma rápida ao longo do ano.

A escola das Laranjeiras, por exemplo, vai abrir sem o número adequado de assistentes operacionais.