O PSD adiou o anúncio do sentido de voto do partido na votação do Orçamento do Estado para 2011, apelando ao Governo para que reconsidere as propostas dos sociais-democratas, isto depois do representante do PSD nas negociações com o Governo, Eduardo Catroga, ter dado por findas as conversações com Teixeira dos Santos, na manhã desta quarta-feira.
"Não há possibilidade de continuar o processo de conversações. Tiro a seguinte conclusão: a minha missão do ponto de vista técnico deixou de ter sentido em função da posição inflexível do Governo. Vou transmitir isso ao PSD", afirmou Catroga aos jornalistas.
Já à noite, foi então o secretário-geral e não o presidente do PSD quem anunciou mais um compasso de espera. "Tendo em conta a gravidade excepcional da situação que Portugal vive, a comissão política do PSD decide aguardar até à véspera da votação na generalidade da proposta de orçamento para 2011 que o governo demonstre vontade de abandonar a posição de intransigência que agora assumiu", disse Miguel Relvas lançando de seguida um apelo para que o executivo "reconsidere a sua disponibilidade para aceitar as propostas realistas e construtivas que o PSD apresentou."
A votação da proposta de Orçamento para 2011 na generalidade está marcada para a próxima quarta-feira, dia 3 de Novembro, enquanto a votação final global está prevista para 26 de Novembro.
Entretanto, o Presidente da República anunciou a convocatória de uma reunião do Conselho de Estado para a próxima sexta-feira, para debater a situação política e o Orçamento de Estado para 2011.
“PS e PSD continuam a estar de acordo no essencial”
“As declarações de Miguel Relvas são mais um episódio de uma longa novela em que PS e PSD têm vindo a arrastar o país sem apresentar soluções que respondam de facto aos problemas em que vivemos hoje”, afirmou a deputada do Bloco Rita Calvário, em declarações aos jornalistas.
Num comentário a esta posição do PSD, a deputada reiterou que está em causa “um mau Orçamento”, sublinhando que “PS e PSD continuam a estar de acordo no essencial”, nomeadamente na redução de salários, corte no abono de família e nas prestações sociais.
“Não vemos nem no Orçamento apresentado pelo Governo, nem nas medidas apresentadas pelo PSD, qualquer solução para responder aos principais problemas do país e termos de facto um bom Orçamento que permita dinamizar a economia, aumentar o emprego e termos um Estado social e fortes serviços públicos”, declarou.
"O que me preocupa é a situação do país”
O candidato presidencial Manuel Alegre, comentando o desfecho das negociações entre Governo e PSD sobre o Orçamento de Estado, afirmou estar, contudo, mais preocupado com “as consequências da austeridade” para o país.
"O que me preocupa não é o desfecho, é a situação do país e dos mais débeis, os portugueses que vão sofrer com ou sem acordo", disse Manuel Alegre à Lusa, na Madeira.
