O primeiro dia do Congresso da Esquerda
Europeia em Praga foi totalmente dedicado às mulheres. Cerca
de 200 activistas da rede de mulheres do Partido da Esquerda Europeia
(EL-fem) reuniram-se em plenário e em grupos de trabalho,
discutindo os temas que fazem parte do património das lutas
feministas na Europa, nomeadamente a violência contra as
mulheres nas suas múltiplas formas.
Texto de Maria José Araújo.
Presentes no debate estiveram a
urgência de impôr a laicidade de modo a evitar todos os
fundamentalismos que alimentam e incentivam a dominação
patriarcal na sociedade, a afirmação do direito de
optar pela sua sexualidade combatendo esteriótipos e
preconceitos, paridade, precariedade, discriminação no
trabalho, imigração e tráfico de mulheres, a paz
e o ambiente.
A constatação do avanço
do neoconservadorismo na Europa e o ataque aos serviços
públicos por toda a Europa constituiram outros temas de
debate.
A profundidade dos textos apresentados
à discussão demonstrou a existência de um
pensamento estruturado em questões vitais para o feminismo na
Europa. Não obstante, a delegação do Bloco de
Esquerda considerou na comunicação apresentada (veja também texto
distribuído), ser não só necesssário, mas
também urgente, a construção de uma corrente
feminista de esquerda que ganhe espaço ao feminismo liberal e
institucional, que integra os discursos oficiais dos governos e da
União Europeia.
Sobre a importantíssima vitória
que as mulheres portuguesas conseguiram este ano com a
despenalização do aborto no referendo de Fevereiro foi
elaborado e apresentado um documentário sobre este processo
histórico de trinta anos de luta.
Das conclusões deste encontro
resultou um manifesto que será apresentado ao congresso.
Maria José Araújo