Viseu tem de fazer parte da rede ferroviária nacional e internacional

19 de June 2021 - 15:00

Manuela Antunes, candidata à Câmara Municipal de Viseu, defendeu uma rede pública de transportes que ligue o concelho, bem como a ligação ferroviária de Viseu para o resto do país. Já Carolina Gomes, candidata à Assembleia Municipal, defendeu que a monocultura não é a resposta para a floresta no concelho.

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“Quem não tem viatura própria, é obrigado a fazer uma viagem de 45 minutos e depois esperar várias horas pelo comboio”, explica Manuela Antunes.
“Quem não tem viatura própria, é obrigado a fazer uma viagem de 45 minutos e depois esperar várias horas pelo comboio”, explica Manuela Antunes. Foto esquerda.net.

O concelho de Viseu “tem um território extenso e complexo com mobilidade difícil”, começou por dizer Manuela Antunes, a candidata do Bloco de Esquerda à Câmara Municipal de Viseu. Apesar do território dificultar a mobilidade, “a realidade atual dos transportes públicos não permite ligar as diferentes freguesias, estando centrado na ligação com a cidade e sem horários estáveis, que permitam aos cidadãos organizar a sua vida”.

Um compromisso do Bloco, diz, “é defender um serviço de transportes públicos tendencialmente gratuitos que responda às necessidades reais das pessoas, que cubra todos os horários necessários para unir o território”.

E dá o exemplo de rio de Loba, uma freguesia extensa onde, para se poder aceder a diferentes serviços, “é obrigatório deslocar-se por transportes”, explica.

“Democratizar a rede pública de transportes é uma das prioridades desta candidatura. É inaceitável que o município não disponibilize os horários dos transportes nas várias paragens do concelho, estando apenas disponível na central de camionagem em Viseu, “criando assim problemas diários na vida das pessoas”, continua por dizer.

A supressão de vários horários durante a pandemia, que não foram comunicados às populações, criou dificuldades extremas na mobilidade no concelho, relembra, inclusivamente para os “trabalhadores essenciais”.

“A necessidade de colocar horários nas paragens de autocarros já foi levada à Assembleia Municipal há 12 anos, mas o município nada fez”, relembra.

Relativamente à ferrovia, quando em 1990 se encerraram duas linhas - no Dão, e no Vale do Vouga - a CP manteve a ligação rodoviária a Nelas e Mangualde. Depois, as ligações passaram para concessionárias que demoram, em média “45 minutos a chegar ao destino”. Mesmo depois da construção do IP5, “estas concessionárias continuam a fazer o percurso pela estrada antiga, e sem ligação aos horários dos comboios intercidades”.

“Quem não tem viatura própria, é obrigado a fazer uma viagem de 45 minutos e depois esperar várias horas pelo comboio”, explica.

No final de 2018, as autarquias de Viseu e Mangualde, anunciaram que a comunidade intermunicipal teria decidido criar uma ligação por shuttle de Viseu a Mangualde. Algo que o Bloco reivindicava há mais de uma década. “Mas nada aconteceu desde então”.  

E relembrou o Plano Nacional Ferroviário, que incluiu uma linha de ligação de Viseu a Mangualde, e que foi rejeitado com os votos contra do PS e das direitas.

“Precisamos de ligações que sirvam as populações, e que todas as capitais de distrito em Portugal tenham ligação por comboio”, porque Viseu “tem de fazer parte da rede nacional e internacional ferroviária”, concluiu.

A monocultura não é a resposta para a floresta no concelho

Em Viseu, “apesar deste epíteto de cidade jardim, falar de ambiente também faz falta. Há muito a melhorar e muito caminho a percorrer para termos um concelho amigo do ambiente”, começou por dizer a candidata à Assembleia Municipal. .

“Pese embora a questão ambiental seja emergente, a verdade é que as mudanças efetivas no comportamento dos governantes locais vem das lutas que começámos há dez anos ou mais”. Mas alerta que “não é necessário apenas dizermos que queremos melhor ambiente e água limpa”.

“Queremos que os rios voltem a ser sinónimo de vida. Se não o são atualmente, muito se deve ao negacionismo e lavar das mãos da autarquia perante as evidências de poluição”. E deu o exemplo de quando uma descarga originária no concelho do Sardo deixou os terrenos das margens ficaram incultiváveis. Este, diz, “é apenas um episódio entre muitos”.

No Rio Pavia apesar “do mau cheiro constante, os peixes mortos e as espécies que desaparecem do rio”, o município alega que os valores de toxicidade não estão acima do permitido. O que é facto é que a vida desapareceu do rio”.

Em 2015, foi inaugurado o Parque do Lugar do Banho. Mas “faltou dizer que o banho não era possível”. E “só com a insistência do Bloco de Esquerda” foi possível recuperar o local.

Outra matéria onde o Bloco fez a diferença foi a utilização do glifosato, já declarado pela Organização Mundial da Saúde como um carcinogénico, estando proibida a sua utilização em locais públicos, escolas ou hospitais. “Os locais onde são utilizados são sistemas envenenados.

O Bloco tem defendido o fim da utilização de herbicidas com glifosato”.

Relativamente ao urbanismo sustentável, Carolina Gomes criticou “a proposta para construção de variante da IP5 que atravessa o Vale de Faixas, passando por zonas protegidas de aquíferos, que alimenta parte do concelho de Viseu. A Infraestruturas de Portugal argumenta que o PDM o permite”. Ora, “a Câmara Municipal de Viseu deveria ter proposto a revisão do Plano Diretor Municipal”, diz.

“Este é o mesmo PDM que permite que as árvores sejam abatidas no ecossistema das Matas do Fontelo. Defendemos a classificação urgente da Mata do Fontelo”, que “não é apenas um jardim, mas sim um ecossistema que importa proteger”.

Relativamente à floresta, “a monocultura não é a resposta. Defendemos um reordenamento florestal biodiverso, não esquecendo a valorização dos profissionais que trabalham na floresta”, concluiu.