Secil insiste em alargar pedreiras na Arrábida, Zero diz que lei não permite

03 de March 2023 - 11:29

A cimenteira Secil apresentou um estudo de impacte ambiental para ampliar a área das pedreiras na Serra da Arrábida. Ambientalistas não entendem como pode estar em discussão pública algo que dizem ser ilegal.

PARTILHAR
Imagem aérea das pedreiras na Arrábida em 2015.

Com o argumento de aumentar a sustentabilidade ambiental, a cimenteira Secil volta a querer alargar em 18,5 hectares a área de exploração das pedreiras da Serra da Arrábida, de onde sai a matéria-prima para a sua fábrica de cimento do Outão. Segundo o Jornal de Negócios, o plano visa fundir a pedreira de marga Vale de Mós A e a pedreira de calcário Vale de Mós B, diminuindo a profundidade e interrompendo o transporte de calcário de Sesimbra para o Outão.

A cimenteira do grupo Semapa diz que o projeto torna “desnecessário qualquer transporte de calcário de outras proveniências” e reforça “a sustentabilidade da fábrica do Outão, diminuindo a quantidade de CO2 por tonelada de cimento”, além de reduzir a vida útil da pedreira em três anos. Caso o plano não avance, alega a cimenteira, o impacto a nível de CO2, ruído e qualidade do ar no transporte vai aumentar, com o tráfego de pesados a duplicar face ao que hoje existe.

O plano da Secil para alargar a zona de exploração das pedreiras não é novo e já em 2020 tinha apresentado um projeto que obteve parecer desfavorável do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas. Na altura, o então ministro Matos Fernandes foi taxativo, ao afirmar que um eventual aumento da área das pedreiras na Arrábida “nunca irá acontecer enquanto eu for ministro. E quero acreditar que depois também não”.

Para os ambientalistas da associação Zero, a questão nem se devia colocar. "Nós nem conseguimos perceber como é que está a decorrer uma avaliação de impacto ambiental sobre algo que, para nós, é impossível. A legislação do Parque Natural da Arrábida é muito clara ao impedir a expansão da área de pedreiras", explicou à TSF Francisco Ferreira.

O presidente da Zero considera que "neste caso, é claramente uma ampliação e, portanto, volto a dizer: para nós essa é uma impossibilidade legal, que esperamos que o Ministério do Ambiente e Ação Climática não abra qualquer exceção, porque a lei é clara". "Surpreende-nos haver sequer esta possibilidade de estar em avaliação de impacto ambiental algo que é impossível", conclui Francisco Ferreira.

À Rádio Renascença, o ambientalista acrescentou que “se se viabilizar esta expansão de uma pedreira no parque natural para nós é um verdadeiro escândalo e um precedente que, obviamente, poderá ser repetido em qualquer outra área classificada, e isso para nós, é completamente inaceitável”, argumenta.

Termos relacionados: Ambiente