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O ano das greves gerais

O ano que se encerra foi marcado por uma combatividade sem precedentes. Nenhum dos problemas foi solucionado, o que parece ser o prenúncio de confrontos ainda maiores no próximo período.
Foto de VEINN, FlickR

A poderosa greve geral que em Novembro os portugueses protagonizaram foi parte de uma luta que levou, em vários países os trabalhadores cruzaram os braços para protestar contra os ataques económicos. Desde Janeiro, com as greves gerais da Argélia e do Nepal, o que vimos foi uma sucessão de combates do proletariado internacional nos quatro cantos do planeta.

Foram greves heróicas, não só contra a austeridade económica e a crise da globalização capitalista, como também politicas, como a protagonizada pelos trabalhadores panamenhos, em Julho, ou mesmo de carácter revolucionário, como a dos trabalhadores nepaleses, em Maio, que culminou com a renúncia do primeiro-ministro nepalês, em Junho.

As greves gerais são historicamente uma demonstração de que os trabalhadores têm, por um período limitado, que é o da duração da greve, um regime de dualidade de poderes onde os patrões perdem o controle da situação. É, em essência, uma situação de crise revolucionaria aberta, ainda que os trabalhadores possam não ter consciência desse facto.

A globalização capitalista criou um profundo caos e uma brutal crise. E neste ano, marcado pelas greves gerais em tantos países, os trabalhadores demonstraram várias vezes que o movimento atingiu um nível de maturidade que pode levar à luta directa pelo poder. Um exemplo disso foi a greve geral revolucionária do Nepal, em Maio.

Não foram apenas as greves gerais, mas mobilizações poderosas como a onda de greves travada pelos trabalhadores chineses contra a burocracia sindical atrelada ao governo do partido comunista. Também houve a luta heróica dos “vermelhos” na Tailândia

O ano que se encerra foi marcado por uma combatividade sem precedentes. Nenhum dos problemas foi solucionado e parece ser o prenúncio de confrontos ainda maiores no próximo período.

CRONOLOGIA DAS GREVES GERAIS

Janeiro - Argélia e Nepal

Fevereiro – Grecia e Turquia

Marco - Grecia

Maio- Curdistão, Grécia, Bolívia, Nepal e Porto Rico

Junho- Grécia e Bangladesh

Julho: Índia, Panamá e Grécia

Agosto - Chipre

Setembro - Espanha e França

Outubro - Argentina

Novembro - Portugal e Bangladesh

Dezembro- Grécia e Costa do Marfim

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Neste dossier:

O Mundo em 2010

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Solidários com Gaza sob fogo israelita

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